Que sina abracei...
Teólogo!
E, sim, encaro-me como tal.
Mas pensem num teólogo que não pode falar em/de Deus como algo disponível e dado: esse teólogo sou eu.
Mas não é que não possa, eu, teólogo, falar de Deus enquanto algo dado/disponível por uma questão de "tremor" e "temor", ou por um viés de acesso negativo à mesma grandeza positiva...
Não: não posso, eu, teólogo, falar de Deus como algo dado/disponível por uma questão epistemológica, porque me fiz - inteiramente - moderno...
Assim, eu, teólogo, vejo-me na condição imposta exclusivamente por minha própria consciência impedido por mim mesmo de falar de Deus como algo dado/disponível.
No outro lado, vejo os meus colegas teólogos, eles, "clássicos" e cripto-clássicos.
Os clássicos falam desavergonhadamente de Deus - chego a ficar enrubescido...
Os cripto-clássicos dão voltas e fazem floreios, mas apontam, fingem que não, mas apontam e, se são colocados em ambientes mais eclesiásticos - pronto!, perdem o "cripto" (por isso era "cripto").
Perco...
De longe.
Não tem como competir...
Mesmo quem se diz acompanhar-me, quando chega esse momento, terá dificuldades, sorrirá amarelo, se afastará sem graça, sem graça, e correrá a ouvir discursos que disponibilizem essa fonte de qualquer-coisa-de-que-se-precise.
Perco.
Preciso verificar que sentimento é esse meu.
Não o de perceber essas distinções - isso, me parece, observação direta dos fatos...
Quero entender se o que eu sinto depois, no fundo, não é inveja...
Quanto eu queria poder apontar Deus, e ver as pessoas olhando para Deus e para mim, para mim como ponte, indicador, encaminhador (porque, no fundo, se olham mais para os apontadores do que para Deus mesmo, que sequer dá as caras).
E não posso...
Será inveja o que sinto?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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