segunda-feira, 22 de outubro de 2012

(2012/705) Fragmentos facebookianos (QUATRO)

Vão dizer que estou com neurose compulsiva obsessiva no tema da homoafetividade...

Todavia, sigamos o raciocínio, eventualmente, em parte ou na íntegra, equivocado...

Se a vida é invenção, se não é precisa como é a navegação, isso deve significar que os roteiros que traçamos são, todos, possíveis, porque a vida é um mar aberto, sem rotas, e sua nau é tanto barco, singra, nave, voa, batiscafo, su
bmerge...

Nesse caso, a homoafetividade é uma rota que se pode traçar...

Na sociedade, os limites são postos e impostos por tabus, regras e, esses, sim, severos, leis.

Se há lei contra mijar no muro, não é que não se pode mais mijar ali, mas é que a sociedade proíbe: mas a coisa de mijar ali ainda é possível, é uma rota que a lei não extingue, apenas limita...

O limite da lei, todavia, não é limite de fato: é limitação.

Bio-filosoficamente, não há um único argumento que transforme a homoafetividade em impossibilidade. Razões quaisquer podem levar uma sociedade a considerar a relação homoafetiva uma ameaça, como eu, por exemplo, considero a religião um a ameaça.

Posso fazer leis proibindo-as, assim como há leis proibindo a homoafetividade. Mas as leis, contra uma coisa e contra a outra coisa, são apenas limitações, e não dizem, elas, as leis, nada sobre religião ou homoafetividade, nem as extinguem enquanto possibilidade humana...

No dia em que eu abandonei a ideia de que a vida é controlada por Deus, pela Estrutura, pelo Diabo, pelo Grande Olho, por Joana D'Arc, pelo Jeca Tatu, e compreendi que a vida é um jogo dinâmico entre pulsões e imprintings sociais, imediatamente, automaticamente, a interdição religiosa e cultural que se instalara em mim em face da homoafetividade caiu, como escamas dos olhos...

Porque é automático.

Não considera o homem e a mulher serem ontológica e socialmente livres aquele que lhes acorrenta os sexos.

Eu os tenho por livres.

Vão.

Inventem-se.



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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