segunda-feira, 22 de outubro de 2012

(2012/706) Fragmentos facebookianos (CINCO)


(Desse gostei particularmente)

Estava pensando aqui como seria pensar como as mulheres pensam, como é pensar a partir de um corpo de mulher. Ah, senhores, nós somos nosso corpo e é dele e a partir dele que pensamos e agimos - por isso homens estupram, porque têm um ferro entre as pernas: isso lhes dá, à cabeça, a estrutura de seu pensamento...

Mas a mulher... Como é isso de ser fresta? Como a fresta que é seu corpo, desejosa de ver-se ocupada, gentil, mas firmemente, transforma-se em pensamento, em estrutura de pensamento, em trilho, em caixa de pensamentos... 

Não consigo fazer ideia... 

Resta-me pensar como os homens... 

Mas, então, dou-me conta de que não basta ter um pênis para pensar igual a todos os homens, porque você percebe, pela conversa, pelas falas nos cafés, nos intervalos, nas piadas, nas brincadeiras, a que se resume, na média, ser "homem" e ter um ferro entre as pernas - e, todavia, isso não significa, na sua consciência, nada que não meramente instrumental, quase determinantemente procriativo, dado que a sexualidade escorre para além da glande, conquanto, é óbvio, esteja ali... 

Mesmo nós, homens, temos estruturas de pensamento diferentes: nossos corpos se traduzem, em nós, como leitos de rio com diferentes cursos, logo, diferentes águas - com o que quero dizer que cada corpo é um corpo, dado a história de sua psiquê - sim, história, que nossa psiquê se constrói, no corpo e pelo corpo, na história da vida da gente pequena que fomos... 

Como somos diferentes! 

Não apenas no fato de sermos homens, mulheres, gays de todos os tipos, lésbicas de toda maneira, mas, mesmo enquanto homens e héteros, como somos diferentes - como nossa mente processa, pensa sente e vê tudo tão diferentemente de nosso irmão, como nosso próprio corpo quer e sente as coisas tão diferentemente de nosso mais próximo irmão... 

Compreendo tudo isso. 

Mas o que me fascina é olhar para uma mulher e imaginar como ela se experimenta enquanto corpo... 

Porque, no fundo, eu reconheço, o corpo feminino está desenhado à mão na minha retina, no meu cérebro ancestral, de tal forma que eu queria saber como alguém que é o que eu desejo se vê a si mesma, objeto de minha contemplação de homem... 

Nunca saberei. 

E o mais perto que disse chegarei é Bel... 




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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