domingo, 20 de maio de 2012

(2012/445) Impressões sobre o I Congresso da Faculdade Unida de Vitória (I)

1. Rememorar, celebrar, trazer à memória, trazer à tona. Desde o primeiro momento, esse havia sido o propósito do Diretor da Faculdade Unida, Wanderley Pereira da Rosa, quando decidiu bancar o não pequeno custo da realização do I Congresso da Faculdade Unida - "Cristo e o Processo Revolucionário Brasileiro - a Conferência do Nordeste 50 anos depois (1962-2012)". Em todos os sentidos, eu resumiria dessa forma esses três dias (17, 18 e 19/05): celebração da memória.

2. De um lado, João Dias de Araújo e Joaquim Beato, participantes vivos da Conferência do Nordeste - em cujo título, em pleno 1962, quando o Congresso está às voltas com a CPI que investigava relações da CIA com entidades brasileiras na direção de perpetrar um golpe contra-revolucionário, a palavra "Revolução" soa provocação própria dos mártires da fé ou dos messiânicos utópicos.

3. De outro lado, Zwínglio Mota Dias e Anivaldo Padilha, desde sempre envolvidos com a tradição ecumênica e crítica protestante, ambos presos pelo regime militar.

4. No meio, por assim dizer, um poético e desesperançado Rubem Alves, limitando-se a lançar sua antiga Tese de Doutorado, mas, na prática, tratando de caquis... Wanderley me contou que, na gravação do documentário que a Unida realizou e divulgará em breve, pressionado pelo próprio Wanderley para falar alguma coisa sobre esperança e utopia, Rubem Alves teria respondido que esperança, pra ele, agora, era um copo de Red Label (acho que não era esse uísque, era outro, mas não lembro ao certo)...

5. Foram, todos os quatro, homenageados. Receberam, todos, "troféu" e certificado. João Dias de Araújo passa a ser patrono da Cátedra de Teologia Pública, da Unida, e Joaquim Beato passa a ser o nome da biblioteca da Faculdade.

6. Não, não foi uma encenação - foi um sonho de Wanderley que, depois de alguns anos de sábia gestão à frente de seu outro sonho, a Faculdade Unida, pode bancar a sua concretização. Não haverá outro encontro possível - e isso é um marco histórico. Os DVD do Congresso, o livro das conferências, a revista com as comunicações e um documentário com depoimentos dos conferencistas logo estarão à disposição dos interessados.

7. Foram dias de muito choro, a começar pelas primeiras palavras de José Bittencourt Filho, dias encerrados com as conferências do próprio Diretor e de Julio Paulo Tavares Zabatiero, seguidas de breves reações, uma de Ronaldo Cavalcante, agora professor da Unida, e outra, inicialmente não prevista, deste blogueiro.

8. Eu não guardo esperanças com relação ao futuro do "Evangelho" no Brasil. Eu acredito que a História é surpreendente, e, por isso, não serei fatídico - todavia, os rumos que a Igreja Evangélica toma no Brasil não me animam a ter esperança. Assim, eu tomo o Congresso como memória - com todos os efeitos que a memória tem. Todavia, quem ali estava para celebrar eram aqueles que vêem nesses momentos históricos, motivo de celebração. Os outros não serão contaminados, duvido...

9. Não se trata, nem de longe, da Igreja Evangélica. Não se trata de um "marco" do protestantismo. A resistência foi, é e será, sempre, coisa de minorias - e não cabe à minoria apropriar-se do campo de batalha como seu. Não, não se trata - mesmo! - de uma luta evangélica ou protestante. Hoje, até, talvez seja mesmo uma luta contra evangélicos...

10. E, todavia, a julgar pelos testemunhos de fé, é Deus e o Evangelho que parece animar essa esperança...

11. Não tenho certeza.... Talvez até aí estejamos sós... Talvez até tenhamos de nos assumir como sós...



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sobre ombros de gigantes


 

Arquivos de Peroratio