terça-feira, 15 de março de 2011

(2011/180) Karl-Otto Apel, entrevista a Luiz Felipe Pondé - da tentativa (do desejo apenas?) de superação da crise de verificação do conhecimento III


1. Meu segundo comentário à entrevista de Karl-Otto Apel a Luiz Felipe Pondé - na realidade, nos dois primeiros, incluindo esse, não saí do comentário do próprio Pondé. Aqui, quero respeitosamente discordar de Pondé - com todo o risco implicado na ousadia.


3. Bem, ao menos quanto a Transformação da Filosofia - que li duas vezes - não concordaria com Pondé que o problema de Apel se trata na situação de deriva da moral, depois de Gadamer e demais não-fundacionais. Até onde alcancei o problema enfrentado por Apel, trata-se do problema do conhecimento, não da moral. O problema não é o risco de a ética e a moral se dissolverem - o problema é o conhecimento enquanto tal tornar-se teórico-epistemologicamente insustentável.

4. A crítica de Apel a Gadamer e a Wittgenstein, bem como sua pesquisa em Peirce - como tentativa de solução - se dá justamente porque, a despeito de apontarem para questões fundamentais da situacionalidade do conhecimento, ambos concluem de forma tal seus respectivos projetos que, ao fim e ao cabo, só se pode inferir - inferências fazem parte lógica do processo de reflexão! - que o conhecimento, afinal, constitui uma aporia solipsista do sujeito e/ou da tradição: não se sai de onde se está...

5. E, todavia, chegamos até aqui! Essa me parece a crítica de Apel - na prática, andamos, por mais que o sistema hermenêutico e analítico-filosófico pintei um quadro diferente: há problema no quadro, não na realidade. Todavia, a despeito de poder indicar para o problema do quadro - não é verdade que não haja possibilidade real de conhecimento e de troca de conhecimento, Apel só pode chegar até aí, à denúncia, mas não tem condições programáticas e epistemológicas de sobrepor-se ao que critica. Vê que a parede está torna - mas não se faz pedreiro.

6. Não vejo como a questão se reduziria à moral. Sabemos que de um saber não se extrai um dever. Apel sabe disso! E Apel é bem grandinho, senhores, para cair en ingenuidades de fundamento racional para a moral e a ética. A moral e a ética são questões político-subjetivas - o conhecimento, não pode ser! Eis a questão fundamental de Apel - a despeito da apresentação de Pondé. Com todo respeito.

7. Digamos, todavia, que Pondé tenha lido adequadamente Apel, e o erro esteja em mim. Não concluo assim, mas, por hipótese e respeito, admito a possibilidade. Bem, nesse caso, só me falta registrar então que, nesse caso, que por hipótese, admito, Apel está errado - não se vai corrigir um problema moral, porque não há um problema moral: moral e ética são construtos subjetivos e políticos - e aí encontram seu único fundamento.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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