(2009/389) Antigo Testamento sob Perspectiva

1. A coisa não saiu da minha cabeça. Foi coisa do Chácara, "capelão" da Faculdade Batista do Rio de Janeiro. Ele encomendou-me um curso de oito encontros, dois módulos, para ser realizado no auditório do Edifício da Bíblia, da SBB, ali entre a Buenos Aires e a Uruguaiana. O curso, boleio-o eu. Desenvolvi uma idéia há muito posta nas Curtíssimas, da ouviroevento. Trata-se de pensar o Antigo Testamento - a Bíblia Hebraica - como uma biblioteca proveniente de (grosso modo) três grandes centros culturais/religiosos - a profecia, o sacerdócio e a sabedoria.

2. O curso pode ser considerado um sucesso. Lotou o auditório. Isso é bom. Dois dias de "profecia", dois dias de "sacerdócio" completados, dois, dias em andamento, de "sabedoria" e mais dois, ao final, sobre a perspectiva "cristã". É impressionante como, a despeito de os evangélicos mais tradicionais, de modo geral, exigirem formação teológica de seus pastores, é impressionante como informações tão básicas, tão simples, tão óbvias, faltem quase que compeltamente ao povo. É lamentável, deplorável, triste, reprovável - que o povo evangélico seja usurpado do direito de ter informações funamentais sobre a Bíblia, a História de Israel, a História da Igreja. Mais do que sonegação - pratica-se deslavadamente a arte da desinformação nos púlpitos desse país (sempre há - e sempre raras - as exceções, como e tudo e em toda parte). A religião torna-se, as mais das vezes, doença crônica... maç incurável... patologia aguda.

3. Ouvi de um quase senhor: "nunca tinha visto o Antigo Testamento sob esse ângulo". E os olhos dele brilhavam... Ora - e qual era o ângulo? O óbvio: há textos proféticos, sacerdotiais e sapienciais na multiforme biblioteca da Bíblia Hebraica, o que significa que há discursos de diferentes composições ideológicas... Pobre, paupérrimo povo eangélico na mão de tantos desinformadores... O crime é cometido à luz do dia... e, como no passado, sempre, em nome de Deus.

4. O Sl 58 aplica à liderança da cidade a metonímia/metáfora do "leão" - e isso porque a liderança se apresenta por meio da metáfora/metonímia do "pastor". Em lugar de serem pastores, eram leões, devoradores, assassinos... Hoje, os púlpitos se arvoram em luz. Mas a treva abunda ali. Espessa. Nigérrima. As mais das vezes por questões contábeis... Não é à toa que há muito pastor por aí escolhendo a dedo para onde mandar suas ovelhas: lugares onde a informação está disponível são perigosos, muito, muio perigosos... Será essa a razão de cada igreja - cada pastor - andar a abrir seminários particulares? Ah, fosse eu uma mosca a ouvir o que se anda a dizer nesses lugares...

OSVALDO LUIZ RIBEIRO