domingo, 21 de junho de 2009

(2009/370) Sols"lixo" de verão em Stonehenge


1. Moro em Mesquita - e isso nada tem a ver com Stonehenge. Moro em um condomínio popular. Ao lado dele, há uma "Catedral Metodista". Não chega a ser um "Patrimônio Cultural da Humanidade" - mas ali tem fogo! Fala-se língua estranha ao microfone... às seis horas da tarde (o símile da Ave-Maria de vovó, ao pé do rádio...). Uma beleza... Interessante essa de língua estranha ao microfone - entenda-se: megafone... Uma beleza...

2. Bem, menos... Durante os cultos, os carros amontoam-se nas calçadas. Para você passar, que vá para o meio da rua. Se um carro te pega, torça para ser um "salvo"... Se não, já estava danado mesmo...! Há um cano desses de boca larga, de polegadas e mais polegadas, jogando água - bem, "aquilo não é bem água" (Bel suspeita de coisas mais "orgânicas" e humanamente intestinas) - há meses. "Aquilo", seja o que for, escorre pela calçada, ganha a sarjeta, e procura os bueiros, envergonhado. Deus não liga mesmo para essas coisas. Os cidadãos é que sim... mas, quem, ali, está preocupado com isso, não é mesmo? O "negócio" (com trocadiho e tudo) é "adorar"...

3. Aí você pensa: talvez esses evangélicos pós-modernos neo-liberais capitalistas poderiam retornar àquela época mais idílica e espiritual... a dos druidas, por exemplo. Conta-se que Stonehenge era uma espécie de "catedral" druida, talvez uma catedral-observatório astronômico. Se não fora, deveria ter sido. Aquilo é lindo... Uma beleza...

4. Aliás, hoje foi solstício de verão na Inglaterra - e mais de 36.000, diz a BBC Brasil, com vídeo e tudo, foram lá, para, dirigidas/acompanhadas por... druidas!, apreciarem o nascer do Sol... Que, contudo, não deu as caras...

aqui, a beleza - o luxo!


5. Oh, mas a cena é frustrante. O que aquele pessoal espiritualíssimo deixou de lixo no local ganha de dez a zero de minha "Catedral" de bairro. Veja você mesmo a cena, triste, lamentável... Parece que quanto mais do céu nos achegamos, mais estragamos a terra. Pensei que era vício cristão... Parece que é vício da mística mesmo... Bem, ao menos dessa mística contemporânea, mística de shopping center...


aqui, a tristeza - o lixo:
Druidas celebram sol em Stonehenge


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

2 comentários:

Flavius disse...

Osvaldo, uma vez um colega "religioso" ofereceu-me um livro que criticava Paulo Coelho, o "misticismo" deste.

Bem, Paulo Coelho é de consciência de primeira ordem do modelo de desenvolvimento psicológico da "Spiral Dynamics", de Don Beck e Christopher Cowan. E é típico de parcela do vMeme verde se autodefinir "místico", cultivar visão "mística", Nova Era e tais. Polui-se de "místico", como holístico, propagado por esse tipo de visão de mundo. Stonehenge parece ser expressão de parte dessa cultura.

Meu colega "religioso", de vMeme azul, naturalmente não podia compartilhar da visão de Paulo Coelho, e os escritos deste não passavam de fermento encomendado por Satanás. Tinha que se opor a tal "anticristianismo".

Há, entretanto, um outro emprego para místico que não é de inteligência para vMeme de primeira ordem, portanto nem para Paulo Coelho. É definição daquele que transcende a consciência dualística de visão de mundo.

Sem transpor a "dualidade", é ser daltônico para exercício da crítica em certas obras, assim como a Bíblia. Não sabendo distinguir o verde do vermelho, por exemplo, não sabe quando um ou outro prepondera, para ele é tudo uma coisa só.

Por isso, vejo razão ao apóstolo Paulo quando identifica o destinatário do Pentateuco aos q foram atingidos pelo "fim dos tempos", aqueles q se desembaraçam da visão "dualística". E a recaída para a "dualidade" é terminantemente proibida como em Levítico, mediante símbolização (ia transcrever aqui o trecho pertinente, mas os leitores são sábios para essas sutilezas, e também é lógica simbólica empregada várias vezes no "Novo Testamento", como em "não julgueis para não serdes julgados", isto é, julgar é posicionar-se diante do dual - certo ou errado, bem e mal; não se trata de suspensão de pesar os atos do ambiente social).

Entendo que a simbologia bíblica alicerça-se sobre arranjo lógico surpreendente. O porquê de somente "verdura de erva" para todo animal da terra e outros (vegetarianismo) no cap. 1, v. 30 do Gn, por exemplo, segue essa lógica. O que representa a "carne" e outros símbolos, etc.

Nessa linha, se houver trabalho que demonstre como foi confeccionada a Torah, seu esquema lógico, e que tipo de qualidade se exige para elaborar tal engenho e o lugar do ambiente da Torah, mesmo que o daltônico não saiba distinguir o verde do vermelho, porém como sabe que há cor ali, ele terá "semancol" suficiente para entender que há algo mais complexo na Bíblia, cuja intimidade está além do seu intelecto "normal", que requer estágio de consciência mais complexo para o modelo contextual da Bíblia. E para tal modelo não é necessário o telescópio galileliano, porque o universo do objeto de investigação é outro.

É justamente essa faculdade além-do-ordinário que Mateus, em seu evangelho, reclama audiência quando emprega "quem tem ouvidos, ouça", pois uma é a leitura do "daltônico" - da dualidade, outra é de quem pôde transpor esta. Ou da compreensão reclamada pela personagem "Jesus" quando trata de "eunuco". É também a faculdade necessária para se saber se se trata do mesmo tipo de "profeta" morto e perseguido, sendo um de "Jesus" como autor de envio em Mateus, 23:34, e outro o da "Sabedoria de Deus" em Lucas, 11:49.

É essa faculdade, enfim, que permite acomodar as personagens, inclusive o Deus "sádico" do Antigo Testamento, num novo contexto. Daí se compreenderá porque no Novo Testamento se louva o Antigo, e que esse louvor é concordante com o espírito da nossa época.

Osvaldo, como você, comungo a idéia de que a Teologia deve sofrer mudanças. E misticismo, no sentido da não-dualidade acima retratada, segundo li na obra "Dinâmica da Espiral", de Don Beck e Christopher Cowan, Instituto Piaget, deixa de ser temática absurda para a consciência de vMemes de segunda ordem. Ainda bem, porque a primeira ordem não convive bem com ele.

Concordo com suas críticas em determinados pontos, existe muito "misticismo" barato na praça. Quis expor para o leitor outro tipo. Ufa, acabou meu estoque de comentário por anos.

Abraços, Flávio.

Peroratio disse...

... se você arrebata um ufa!, nós, uns dez deles!

:o)

Seu texto me lembra um pouco o modo do Aldous Huxley, não sei. Há uns trecos - uns excertos - em Os Demônios de Loudun...

Eu penso assm: se a mística deixa de ser mística, e transforma-se a si mesma em "visão" da consciência, em conhecimento, em "revelação", perde-se a si mesma, adultera-se. Ou ela é véu, ou não é nada... Pior: é veneno...

Por isso o adorabilíssimo e gênio vivo, Edgar Morin, disse que todo racional é místico: não é porque a razão e a mística se encontram, é que uma vai tão fundo em sua própria direção que, para não perder-se, precisa da outra: sem nenhuma das duas roubar da companheira o lugar próprio...

Um abraço, Flávio

Meu dia foi triste, por isso, estou parcimonioso. Mas não podia deixar de retribuir o carinho de você ter escrito tanto para nós...

Obrigado,

Osvaldo.

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