Quando alguém me pergunta como se deve ler a Bíblia, qual é a forma correta de ler a Bíblia, percebo que se está, ainda, a pensar fora da perspectiva pragmática. A pergunta "como se deve ler a Bíblia?" está totalmente fora da perspectiva pragmática - ela se pensa em termos únicos, absolutos, normativos.
A questão tem que ser posta em perspectiva. O que é que você vai fazer? Ler a Bíblia, ora. Sim, isso está claro, mas a sua leitura da Bíblia tem que objetivo? É aqui que reside toda a questão. O que é que você vai fazer com essa leitura da Bíblia? O que é que você realmente quer com essa leitura da Bíblia?
Há três respostas, e penso que apenas três, possíveis.
1. Vou virar os olhos de gozo! Leitura estética. Não há forma correta nem forma errada. Se a leitura é estética, se é para fruição pessoal, lê-se como quiser e puder, e ninguém tem absolutamente nada a ver com isso.
2. Vou ler segundo minha comunidade, minha "fé" (doutrina). Leitura política. Nesse caso, pergunte ao papa da comunidade. A leitura correta, nesse caso, é como seu mestre mandar. Na leitura política, quem tem a norma na mão decide qual é a forma correta de ler. A autoridade decide como se deve ler.
3. Quero entender o que Isaías disse de fato. Leitura heurística. Nesse caso, precisa se servir das ferramentas que permitem leitura histórico-crítica dos textos e ferramentas específicas para acesso à intencionalidade do autor. Sem isso, esquece.
Ninguém pode decidir como você vai ler. Quem decide se vai ler esteticamente, politicamente ou heuristicamente é você. Mas, depois que você escolher, não tem mais liberdade: tem de fazer como a sua escolha impõe.
Como a minha leitura é heurística e a da igreja, política, não acertamos os bigodes. A leitura política não nos ensina absolutamente nada a respeito do que os autores da Bíblia disseram, mas nos impõe a interpretação moderna das tradições de fé. Disso, enchi o saco. mas, para quem ainda tem espaço no saco a encher, é de boa...
A notícia ruim é que as leituras estética e política da Bíblia não são formas de produção de conhecimento sobre a Bíblia. Uma, é a eleição do próprio gosto como critério e, a outra, a eleição do gosto do poder...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2 comentários:
Compartilhei no facebook. Como de costume.
E, como de costume, teólogos formados e teólogos de botequim se sentiram no dever de te corrigir.
Haja...
Há, da parte dos tais, algum argumento que mereça atenção, o que concederíamos com prazer, ou se trata de blateração, ao estilo do esperneio dos desesperados, coisa que devemos reputar ao desespero?
Postar um comentário