
Para o amor bíblico, tanto faz, porque se tratava de Lei mesmo. Tiago deixa isso muito claro - a Lei manda amar e pronto, quem não ama, já está condenado. Ponto. Isso é judaísmo neotestamentário...
Agora, para a Igreja cristã pós-judaica, o amor transformou-se em outra coisa. Tratamos o amor como resultado de graça, não como mandamento (o que faz do amor não mais uma ação, mas uma atitude - e transforma o amor em outra coisa).
Para além disso, resta uma questão: na tradição judaica, em que a Lei manda amar, em que amor é, pois, mandamento, faz todo sentido que se ame PORQUE Deus manda, PORQUE se é religioso, PORQUE se é judeu. Todo sentido. Não é uma emanação da alma - é uma ação em face de um dever: amar.
Já na tradição cristã, se não é mandamento, não há nenhuma razão para que se diga e se pense que se ama por ser religioso, por causa de Deus, por se estar na igreja. Não, ama-se se se é grato e pronto.
Em última análise, dissolve-se a condição cristã, desnecessária, na própria condição do amor/amar. Mas, se ela se dissolve e fica o amor/amar, no fundo ela nada é, senão um apontamento que se faz a si mesmo desnecessário depois de ter apontado...
Logo, quem ama, apelando ao Cristo, não ama: trabalha para uma religião, uma ideia, uma estrutura, um sistema. Não viu para onde o dedo apontava. Está hipnotizado pelo dedo, e se curva a ele, sem, todavia, conseguir seguir com os olhos a direção para onde ele aponta...
Nasce morto esse amor-idolatria.
Nasce, inclusive, desobediente...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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