quinta-feira, 1 de maio de 2014

(2014/390) István Mészáros: Heidegger leu Marx como lhe conveio


Quando, em conversa informal, sequer em ambiente acadêmico estávamos, eu "critiquei" certa posição de Heidegger, isto é, quando eu ousei dizer alguma coisa de que certo interlocutor discordava, mandou-se-me estudar. Ora, estudar é obrigação de todos e é tarefa inacabada sempre e também para todos.

Quero ver, agora, mandar Mészáros voltar para a escola...

"Heidegger, por exemplo, define a importância de Marx da seguinte maneira: 'porque Marx, por intermédio de sua experiência da alienação do homem moderno, tem consciência de uma dimensão fundamental da história, a visão marxista é superior a todas as outras visões'. Desnecessário dizer que Masrx não vê a alienação como 'a alienação do homem moderno', mas como a alienação do homem na sociedade capitalista, e Marx não considerou a alienação como uma 'dimensão fundamental da história', mas como a questão central de uma determinada fase da história. A interpretação que Heidegger dá à concepção da alienação de Marx é, portanto, reveladora; mas não sobre Marx, e sim sobre a sua própria abordagem da questão, muito diferente da deste" (MÉSZÁROS, A Teoria da Alienação em Marx, Boitempo, p. 222-223).

Por isso gosto de Losurdo e de Mészáros - não se contentam com a vulgata da recepção, que faz ter sido dito o que nunca foi, que, ao sabor de sua conveniência, adoça o café como lhe agrada, e faz ser de alguém o que nunca foi, exceto os termos, mas não o sentido que eles tinham. Mészáros e Losurdo retornam aos termos, ao momento histórico e, impiedosamente, desmontam a "recepção" e denunciam a programática instrumentalização dos teóricos em processos de auto-empoderamento dos instrumentalizadores...

Bravo, Mészárós...

Eu voltarei para escola.

Espero que meu interlocutor mal-educado também.

Mas você, você é monstro...








OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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