Quando o estabelecimento religioso e filosófico deu-se conta do diagnóstico de Marx, o constrangimento percorreu todas as salas de aula, e as sumidades da moda andaram - todas - de cabaça baixa. Tão alto soara a declaração, tão altissonante se berrada dos telhados - alienação! - que não era coisa fácil negligenciar a leitura.
Mas os dias passaram e o eco tornou-se mais fraco.
Um belo dia, alguém gritou, ah, que se dane, a alienação era, afinal, apenas uma coisa dita, sem fundamento...
Pronto. Os passarinhos voltaram aos gorjeios, as janelas das salas de aula voltaram a se abrir, o sol, a entrar, todos risonhos e felizes, outra vez - como se nunca tivessem sido alienados, como se ainda não o fossem...
Eu me pergunto porque não se acaba com a fome por meio do mesmo método, do mesmo gesto, da mesma prestidigitação retórica, do mesmo auto-engano...
É que a fome não se disfarça, Osvaldo...
Mas os dias passaram e o eco tornou-se mais fraco.
Um belo dia, alguém gritou, ah, que se dane, a alienação era, afinal, apenas uma coisa dita, sem fundamento...
Pronto. Os passarinhos voltaram aos gorjeios, as janelas das salas de aula voltaram a se abrir, o sol, a entrar, todos risonhos e felizes, outra vez - como se nunca tivessem sido alienados, como se ainda não o fossem...
Eu me pergunto porque não se acaba com a fome por meio do mesmo método, do mesmo gesto, da mesma prestidigitação retórica, do mesmo auto-engano...
É que a fome não se disfarça, Osvaldo...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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