"A importância desse pós-marranismo foi subestimada. Ressaltou-se muito bem que o Renascimento soube reencontrar e regenerar a fonte grega, o que permitiu, na Europa, a expansão do humanismo, o desenvolvimento das ciências e de uma nova filosofia, mas o papel do pós-marranismo na origem do humanismo universalismo e da modernidade continua a ser ignorado. Entretanto, a contribuição de Montaigne com a racionalidade autocrítica foi mais radical do que a de Erasmo, a contribuição de Espinoza com o livre pensamento foi mais radical do que a de Descartes" (Morin, Meus Filósofos, p. 44).
Morin define pós-marranismo como a condição de judeus marranos, isto é, judeus da Espanha e de Portugal, que, enquanto os demais se deixaram forçar a ser cristãos, ultrapassaram as duas religiões reveladas, guardaram a memória das perseguições de seu povo e aprofundaram a consciência crítica e ética até alturas e profundidades até então não alcançadas... Montaigne e Espinoza, ele o diz, são duas estrelas maiores dessa constelação que, segundo ele, brilha soberana sobre o Ocidente...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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