sábado, 17 de agosto de 2013

(2013/896) Como eu pretendi montar a estrutura de Esboços de Teologia Crítica


Gosto que autores me digam qual é a chave para ler seus livros. Morin já fez isso e um clássico do tipo é Ecce Homo, de Nietzsche. 



Gostaria então, de dar uma dica para a leitura de Esboços de Teologia Crítica.

I. O capítulo um tem uma função importante - mostrar como a alegada mais progressista teologia do século XX, a de Tillich, é, todavia, ainda, clássica. Não há substancial diferença, quanto ao relevante, entre Tillich e Platão, por exemplo. Chave para o capítulo: o que é, de fato, a Teologia de Tillich e, de resto, a Teologia clássica?



II. O capítulo dois tem a função de "pá de cal" em qualquer esperança de apresentar a "teologia da correlação" como não-clássica: a famosa fórmula teológica de Tillich - "Deus é símbolo para Deus" é uma forma "crente", platônica e epistemologicamente equivocada. Chave para o capítulo: qual a condição para dar-se Deus como "fato"?

Na soma, os dois capítulos pretendem deixar claro que não há teologia que não seja clássica operando no horizonte. 

III. O capítulo três tem a função de mostrar como a Teologia clássica consegue universalizar-se como retórica mesmo no seio das Ciências da Religião - onde se pode encontrar defesas de um estatuto epistemologicamente privilegiado para a disciplina da fé... Chave para o capítulo: por que até as Ciências das Religiões insistem em manter o discurso de fé e revelação em plena academia?

IV. O capítulo quatro é uma crítica direta aos teólogos que insistem em manter a ilusão retórico-filosófica de que há matéria e substância no mito. Insisto no recalque teológico da realidade, na denúncia de que a teologia clássica, logo, toda ela, esconde-se do século XIX ou esconde-o de si, com o objetivo direto de manter o discurso metafísico-mitológico e, em última análise, e controle político das consciências religiosas. Chave para o capítulo: por que os teólogos não admitem tudo o que aprendemos, e se faz que ensina, nos cursos de Teologia, desde o século XIX, a saber, as Ciências Humanas e sua epistemologia "baixa"?

V. O capítulo V constitui uma proposta de classificação das teologias, para, ao menos, pôr um pouco de ordem na casa. Chave para o capítulo: que classificação se poderia propor para as Teologias disponíveis?

VI. Finalmente, no capítulo seis, defendo, poeticamente, um enfraquecimento da ideia de "Deus", condição para uma sociedade plural e laica viver com saúde.



Você não precisa concordar com nenhum dos capítulos, mas, se os entender diferentemente do que estou alinhavando, não entendeu, ou entendeu errado.






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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