sexta-feira, 9 de agosto de 2013

(2013/831) Povo do livro? Já era...


Eu não consigo entender nossa leniência, não mesmo. É muito triste. Muito. Chega quase a ser desalentador...

Em 1986, o Seminário (Teológico Batista do Sul do Brasil) funcionava na Primeira Igreja Batista de Mesquita. À época, eu era um crente praticamente fundamentalista, em dias de "primeiros amores". Bela tarde de domingo, entro na sala onde os jovens se reuniam às 18 horas e deparei-me com letras estranhas no quadro-negro.

Que é isso? Sei lá, é coisa do Seminário. Fala com o Mauro. Mauro, que é aquilo? Ah, é Hebraico. Que que é isso? A gente aprende no Seminário. Pra quê? Ué!, a Bíblia foi escrita naquela língua... Heim? É, ué!, não sabia? Não, achava que tinha sido em português. Não, foi Hebraico. E vocês aprendem? Sim. Como eu faço pra aprender? Ah, só indo pro Seminário...

E fui.

Para mim, era a coisa mais lógica do mundo. À época, tendo me convertido em 1984, havia lido a Bíblia umas duas vezes, e costumava pintar cada verso, anotar. Guardo ainda aquela velha Bíblia colorida... No momento em que descobri que lia na língua errada, ninguém precisou me dizer que eu tinha que aprender Hebraico - 1 + 1 = 2. E olha que eu não tinha a menor pretensão de ser pastor - queria apenas estudar a Bíblia. Como, todavia, para ir pro Seminário, tinha que dizer que tinha vocação especial e chamado blá blá blá, eu disse que se quisessem me mandar pra África, eu ia, mas que me deixassem ir pro Seminário...

Hoje, nem se você mostrar pro sujeito que as traduções são péssimas e as interpretações piores ainda, o sujeito se motiva...

O evangélico até pode carregar a Bíblia, mas essa não é mais a religião do livro...






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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