Será mesmo que o povo de hoje é diferente do povo das igrejas do Novo Testamento? Será mesmo que os apóstolos de hoje são diferentes dos apóstolos do Novo Testamento? Será?
Se os apóstolos de hoje - e há uma dúzia por aí - escreverem sua história numa espécie de Atos ou das cartas, dirão que fizeram milagres, maravilhas, curas, exorcismo... Exatamente o que disseram que fizeram Pedro, Paulo...
Bem, os de hoje, sabemos que são charlatões - necessariamente charlatões, que vivem na brecha da legislação e dos tolos. Os de ontem todavia, para eles guardamos um imenso respeito e uma gigantesca credulidade - o que disseram que fizeram, nós acreditamos, numa espécie de hipnose de partido, uma vontade coletiva de levar a sério o que, se são outros a escrever, um Maomé, por exemplo, não levamos dez segundos a duvidar...
Acho que se eu estivesse vivendo naqueles dias, e fosse quem e como sou hoje, estaria olhando para Paulo, Pedro, para os "apóstolos", da mesma forma como olho para os nossos hoje - meneando a cabeça, como quem diz: ou Deus é cúmplice, ou não está nem aí...
O que vale para os crentes, também. Os crentes daquele época, não duvido, criam nas maravilhas. Criam e delas eram testemunhas, igualzinho a hoje, na TV. O Senado de Roma tinha assinaturas de cidadãos que teriam visto o Imperador ascender ao céu, condição de sua divinização... Certamente foi daí que Paulo tirou sua retórica de centenas de testemunhas da ascensão de Jesus. E eu duvido que romanos ou cristãos tenham visto alguma coisa...
Penso que não mudou nada. Quem quer crer, crê, e, quando é confrontado, é capaz de jurar de pé junto, numa espécie de transe. Os de ontem e os de hoje são equivalentes - têm olhos de crer em milagres. E, enquanto esses olhos existirem, eles serão testemunhados, os apóstolos farão fortuna e sucesso e o Novo Testamento permanecerá atual.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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