domingo, 21 de julho de 2013

(2013/767) A mulher que sofreu por dezoito anos antes de Jesus revelar seu poder a ela


Ano um.

A mulher cai de cama, agonizando de dores.

Ano dois.

Ainda em dores, começa a perder a atenção do marido.

Ano três.

Sozinha e sofrendo, perde as esperanças.

Ano quatro.

Depois de ter tentado todas as possibilidades de cura disponíveis, entrega-se: a depressão varre sua alma e seu corpo de mulher ferida.

Ano cinco.

Os filhos não a reconhecem mais. Não a visitam.

Ano seis.

Envelheceu completamente. Pensa que vai morrer a qualquer momento.

Ano sete. 

Talvez fosse o final de um ciclo? 

Ano oito.

Não - não era um ciclo - é a linha interminável da dor.

Ano nove.

Quem é que cria uma pessoa para viver - viver? - assim?

Ano dez.

Mais dor e lágrimas...

Ano onze.

Ainda mais, cada vez mais, sempre mais.

Ano doze.

Como um corpo tão acabado, sofrido, quase morto, consegue experimentar tanto sofrimento?

Ano treze.

Os olhos ficam presos ao teto por horas. Perdeu até a vontade de morrer, porque não tem mais vontade alguma.

Ano quatorze.

O pulso, ainda pulsa...

Ano quinze.

A única luz que enxerga é a da porta. O resto é apenas profunda treva e escuridão...

Ano dezesseis.

Dor - lancinante dor.

Ano dezessete.

Dor ainda. Nada há novo debaixo do sol.

Ano dezoito...

(!)

Pela janela, ela escuta que há um homem curando. Ela reúne as últimas forças, curvada sobre si mesmo, torta como árvores de mangue, e caminha sobre pregos e cacos de vidro, cada passo, uma facada nas costas...

Encontra o taumaturgo que, com um gesto, assim, como quem põe uma taça sobre a mesa, tira dela, imediatamente, toda doença e dor - e a única coisa que ela consegue, agora, é sorrir, feliz...

“Ora, ensinava Jesus no sábado numa das sinagogas. E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se. Vendo-a Jesus, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade; e, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus E, tomando a palavra o príncipe da sinagoga, indignado porque Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados, e não no dia de sábado. Respondeu-lhe, porém, o Senhor, e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, e não o leva a beber?16 E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa? E, dizendo ele isto, todos os seus adversários ficaram envergonhados, e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por Ele..”.

Eu estava lá. Esperei que todos se retirassem e, tarde da noite, pedi entrevista com o homem. Ele aceitou trocar duas palavras. E eu lhe perguntei em nome de que poder ele curava e ele me disse que pelo poder de Deus. É então Deus quem cura, não você?, perguntei. E ele, com muita humildade, assentiu. E, então, eu perguntei: se é Deus quem cura, por que Deus deixou essa mulher sofrer horrores por dezoito, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17... 18!, dezoito anos, para seu Filho a curar, se ele mesmo a podia ter curado, se ele mesmo podia ter sido bom e pai para ela? E ele me disse que era para que seu poder se revelasse...

E, desde aquele dia eu entendi que, em termos de Deus, tudo se resume a isso: poder. E nunca mais usei a palavra bondade...






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

3 comentários:

Antonio Marco Greco disse...

Muito bom explicar assim...Me lembrou lendo o primeiro livro do Operaçao Cavalo de tróia com o major entrevistando Jesus. Parecido. Então as estórias deveriam ser assim, nâo essa coisa chata....
Parabéns.
Abraços
Antonio

Unknown disse...

Meu querido, não podes falar com certeza de algo que não compreendes.

Resumindo com palavras simples e objetivas: O Senhor Deus tem o poder sobre todas as coisas, mas não age com intromissão na vida das pessoas, senão estaria desrespeitando a Sua própria Lei que é a do livre arbítrio. A mulher se dispôs a ir ao encontro Dele, crendo no seu poder e misericórdia, para a sua libertação já que estava há anos sob opressão malígna. Ela escolheu através do Livre Arbítrio a salvação do Filho de Deus. E o Senhor encontrou espaço na sua vida pra poder agir de forma misericordiosa e curadora.

Sinto que o seu objetivo maior é contrariar e tentar por em dúvida a palavra de Deus. Talvez se abrires o teu coração ao ler a bíblia, entenda com sabedoria o que realmente Deus fala através dela.
Abraço

Carlos Alves disse...

Peraí, a resposta acima é do Sr. Osvaldo mesmo???

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