terça-feira, 28 de maio de 2013

(2013/556) Não posso ser um homem de Estado


1. Em Deus e os Homens, Voltaire - uma de minhas leituras preferidas, ainda - afirma que um homem de Filosofia tem o direito - o dever! - de fazer a mais impiedosa crítica possível aos dogmas da religião, às doutrinas e ao sacerdócio manipulador. Nesse aspecto, Voltaire antecipa as críticas à religião, próprias do século seguinte.

2. Posso seguir esse Voltaite - com gosto.

3. Mas no mesmo texto ele afirma que um homem de Estado, não: ele deve assumir Deus, pregar o castigo e governar sob a força do medo que as pessoas devem ter do sagrado - porque é o sagrado quem organiza a sociedade...

4. Compreendo.

5. Nunca poderei ser um homem de Estado, então...

6. Porque, se o sagrado é isso: corda de bloco de axé, ser esse tipo de homem de Estado constitui-me em um bom mau-caráter, que mente às massas para controlá-la, supostamente "para o bem".

7. Nesse caso, prefiro Aldous Huxley: intoxicar e mentir as massas, ainda que "para o bem", não se justifica moralmente...

8. Ah, mas é verdade, falávamos de homem de Estado, não de homens morais...

9. E pergunto: homens de Deus, de todos os tipos, serão homens de Estado? Mas, quando mentem ao povo, mentem apenas ao povo - ou também a si mesmos?

10. Ai! Ai! Nem homem de Estado, nem homem de Deus - o leque de alternativas de profissão me vai ficando encurtado...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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