1. A crítica sobre Deus resume-se, no fundo, à crítica à doutrina sobre Deus. Do ponto de vista epistemológico, o crítico não pode ir além disso. Ele analisa e encontra repleta de problemas a doutrina de Deus, sem a pretensão de, com isso, tocar no que eventualmente está/não está do outro lado da ignorância estrutural humana...
2. O crente sente-se ferido pela crítica apenas pelo fato de que ele toma a doutrina pelo objeto que ela pretende descrever: ele crê. Crer é, compreensivelmente, crer na doutrina - é, em última análise a primeira e a última forma de idolatria. De modo que todo crente é esse idólatra que crê, achando que sabe, de modo que, quando a crítica desmonta a doutrina, para elem o crente, é o Deus mesmo a ser desmontado...
3. Não estou dizendo que não é Deus que é desmontado, mas só a doutrina: estou dizendo que, na prática, só há a doutrina, porque, qualquer coisa que haja ou não haja do outro lado não está dada, disponível, certa e sabida. Simplesmente, todos nós somos cegos quanto a isso. Cegos e surdos...
4. Mas não, sabe-se, mudos...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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