1. Não vou discutir Teologia em si, como quem tenta descobrir um segredo metafísico que Deus guardasse em relicários de nuvens. Vou lidar apenas com as narrativas.
2. Nesse sentido, nos termos da narrativa dos Evangelhos, pode-se falar que Jesus amou o mundo e, por isso, "entregou-se"?
3. Ou deve-se considerar que seu ato de entrega foi, antes, ou apenas, um ato de obediência a seu "Pai"?
4. Sempre nos termos da narrativa evangélica, Jesus teria pedido inclusive para que o cálice lhe fosse dispensado.
5. E não foi.
6. A narrativa parece corroborar a ideia de que Deus, sim, "amava" suas criaturas. Por conta desse seu "amor", Deus, então, entrega seu filho à morte. O Filho, então, de modo obediente, mas não sem antes pedir sursis, negado este, se dá à morte, a pedido/mando do Pai.
7. No nível das camadas históricas dos Evangelhos, sem nenhuma preocupação com a forma como essas camadas históricas serão interpretadas mais tarde, será possível falar de amor apenas de Deus, e obediência de Jesus?
8. Ou se pode, por meio da narrativa em si, e não com artifícios hermenêuticos, aplicar o amor também ao Filho?
9. Como se comportam os Evangelhos separadamente? E os Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas)? E João?
9. Como se comportam os Evangelhos separadamente? E os Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas)? E João?
9. Alguma eventual ausência de aplicação de amor ao ato de entrega do próprio Filho teria relação com o fato de que ele foi interpretado como o Cordeiro, aquele mesmo que, no Templo, era sacrificado anualmente pelo pecado do povo, e, uma vez que o cordeiro ritual não ama nem desama, apenas é sacrificado, obedientemente, apenas essa dimensão se teria aplicado, igualmente, ao Filho-Cordeiro?
10. Aos Evangelhos, senhores e senhoras. Ler tudo de novo para responder essas perguntas. Se elas caírem, caíram. Se, todavia, permanecerem - muita doutrina evangélica se revelará, mais uma vez, tradição. Aguardemos o resultado da leitura.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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