segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

(2012/195) Mulheres no Irã, antes da "Revolução Islâmica", à época, louvada por Foucault


1. Ainda não será dessa vez que tratarei do tema com mais vagar. Mas encontrei duas fotografias, no site do Ruddá, de mulheres lendo estudando no Irã, antes da Revolução Islâmica. Aquilo era bem ocidental...





2. Aqui, de uma outra fonte, a primeira mulher Ministra da Educação do Iran:
1970s Dra. Farrokh Roo Parsa. The first female minister in Iran and the daughter of a pioneer feminist and educator Fakher Afagh Parsa. She was executed after the Islamic Revolution of 1979.


3. Aqui, uma pitada de como representantes críticos da modernidade iluminista cederam à tentação de apostar na "religiosidade" contra o fundo crítico do século. A data de 1979 aparece tanto abaixo quanto acima - e não é por acaso.
Foucault viu na revolução iraniana a luta da libertação de um povo, a despeito de ter ouvido dele uma frase bombástica sobre Khomeini: "Ele me falou de seu programa de governo: se tomasse o poder, seria de uma idiotice de fazer chorar". Disse isso "erguendo piedosamente os olhos para o céu". O que esse gesto significou? Foucault desdenhava do aiatolá ou seria mais uma vítima de seu carisma? Os autores de Foucault e a Revolução Iraniana sugerem que a experiência do filósofo no Irã representou uma "guinada em seus escritos da década de 1980", fascinado que ficou pela apropriação dos mitos xiitas de martírio e rituais de penitência dos revolucionários. Foucault faria, sim, críticas tardias ao regime islâmico, mas, então, muitas cabeças já haviam rolado. Após maio de 1979, fez silêncio sobre o Irã. Sua busca de alternativas para a laicidade moderna acabara.

4. Eu recomendaria a qualquer um que lesse Persépolis, de Marjane Satrapi. Foucault não deve ter lido... É a história da Revolução Islâmica, contada por quem tinha, à época, a idade de uma adolescente. É toda desenhada em quadrinhos. Você vai começar a ler e não vai parar. Tem por aí, na Rede. Mas você pode comprar nas livrarias também. De qualquer forma, não devia deixar de ler.

5. Eu acho muito curioso que uma parte da "filosofia" ("teologia" constrangida e disfarçada?) assuma posições críticas em face do Iluminismo e olhe com olhos mais amenos a "religião": esse foi o caso catastrófico de Foucault. Não sei que valor têm em mente quando assim agem. Talvez confundam a violência e a guerra do século XX com o Iluminismo. Vai ver é isso...

(...)

24/11/2012.
Meu amigo, José Mario, me indica um site com fotos da época: impedíveis.




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

Igreja Batista Memorial da Posse disse...

ILUMINADOS SÃO ILUMINADOS. ANTES ERAM OS PROFETAS QUE ENXERGAVAM SINAIS E INTERPRETAVAM A PARTIR DE MITOS, OU REVELAÇÕES DIRETAS DO SAGRADO. HJ SÃO OS CRÍTICOS, CIENTISTAS, DOTADOS DE UMA "MESMA" CAPACIDADE DE VER O QUE OUTROS NÃO VEEM.

NO FIM DAS CONTAS TUDO SE RESUME A LINGUAGEM E CONTROLE DELA....É FOUCAULT TÁ RUIM DE TE ATURAR....

É ASSIM QUE SE INVENTA UMA NOVA ELITE: INVENTANDO VALOR AO QUE ELE TEM DOMÍNIO....OS ILUMINADOS DOMINAM A LINGUAGEM QUE CHAMAM DE CONHECIMENTO, SEJAM SACERDOTES OU CIENTISTAS, SÃO A MESMA COISA.

CEZAR UCHÔA JÚNIOR

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