quinta-feira, 2 de junho de 2011

(2011/324) Das interpretações histórico-críticas - só para quem tem interesse histórico


1. Foram - e são - declaradas mortas. Dá-se papel passado. Assina-se seu atestado de óbito. Encomenda-se o caixão, que vai enterrado... vazio. As interpretações histórico-críticas não estão mortas.

2. Naturalmente que não entram em qualquer casa, em qualquer sala de aula, em qualquer livro. Não são muito bem vindas aqui e ali. Mas, mortas não estão não. Estão vivas, vivinhas da silva. Vivíssimas.

3. Mas é preciso que o compromisso do leitor não seja nem consigo mesmo, nem com sua "comunidade". É preciso que o compromisso do leitor seja com cada um e com todos os autores responsáveis pelos textos sobreviventes. É preciso querer saber o que eles significaram lá e então.

4. Todavia, vivemos dias difíceis. Preferem-se metodologias cripto-literárias, a rigor, metodologias baseadas no leitor, apresentadas como que baseadas no texto. Criticam-se os objetos: são mudos - a ciência faz as perguntas, a ciência dá as respostas. Mas os "textos" deles falam...

5. Mas não falam, não. É preciso pôr uma boca ali. Seja a dos mortos, seja a dos vivos. Porque são esses - apenas - os que podem alguma coisa falar, e mesmo quando se diz que são os textos, bem, ou são os leitores, pelos leitores, ou os autores, novamente pelos leitores. Será sempre o leitor ou a falar ele mesmo, ou a esforçar-se por dar lugar ao autor. Textos, bem, quanto a eles, são como aquele material dos altofalantes: reverberam vozes que correm pelos fios...



OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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