1. Quando tiverem sido arrancadas todas as crenças do coração da gente. Quando tudo o que há para crer secar. Quando o chão dos templos, nele crescer e vingarem os cardos de três metros. Quando no altar fizerem eternos ninhos as cambachirras e os estorninhos. Quando dos bancos de liturgia se fizerem mesas de partir o pão. Quando dos púlpitos se fizerem fogueiras contra o frio. Quando, empilhadas, as Bíblias servirem para, sobre elas, olharmos além dos muros. Quando, de porta em porta, se levar pão e festa. Quando o salão de eternas dores se tiver lavado pelas águas ternas do perdão. Quando o céu mostrar-se aqui, agora. Quando os dogmas transformarem-se em peças de museu. Quando a memória puder rir-se, encabulada. Quando os vitrais forem tecidos da vida da gente. Quando o sentido da vida for viver, e, vivendo-se, construir-se o dia de hoje, o de amanhã, e o de todos os dias...
2. Nesse dia, e só nesse dia, olharemos para dentro e para fora, para cima e para baixo, para um lado e para outro, e sentindo o calor na mão, o vento na face, caminharemos ao sabor da fé. Dela, nua e vazia. A fé. E nós, as pipas que um menino empina...
2. Nesse dia, e só nesse dia, olharemos para dentro e para fora, para cima e para baixo, para um lado e para outro, e sentindo o calor na mão, o vento na face, caminharemos ao sabor da fé. Dela, nua e vazia. A fé. E nós, as pipas que um menino empina...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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