quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

(2010/061) "Borra-papéis" - da sutileza de Voltaire


1. Em 05/09/2008, tive o maior cuidado de ler Jz 11,30-40, para responder a quem me perguntava se Jefté fizera voto de consagrar (sua filha) à morte ou à "virgindade". Traduzi e postei o texto hebraico, analisei, refleti e, finalmente, dei meu veredicto: trata-se de consagração à morte, ou seja, sadrifício humano...

2. Ora, há mais de duzentos anos Voltaire já o havia dito - e eu já o havia lido, e não lembrava! No entanto, Voltaire não chega a ser tão "educado" quanto eu tentei ser em meu breve ensaio. Ei-lo:

O Pentateuco é o único monumento antigo em que se vê uma lei expressa mandando imolar homens, mandamentos expressos de matar em nome do Senhor. Eis essas leis:

1º Quem for oferecido a Adonai não poderá ser resgatado, será morto (Lv 27,29). É segundo essa mesma lei que se diz que Jefté sacrificou a própria filha, segundo o voto por ele proferido. Como, após um passo tão claro, tão positivo, ainda encontramos uns borra-papéis que usam dizer que só se trata, aqui, da virgindade?
(VOLTAIRE, Deus eos Homens, Martins Fontes, 1995, p. 75 - a meu ver, um livro indispensável para interessados em Telogia).

3. Depois eu é que sou agônico... Borra-papéis...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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