quarta-feira, 17 de junho de 2009

(2009/362) Cômputo e cogito


1. Na ouviroevento, eu tenho um adágio: "se eu fosse você, parava de fazer tudo o que estava fazendo e lia O Método"... E é verdade. Não se trata de apenas uma expressão de efeito. Eu considero, com todos os riscos de o dizer, que, no campo do "conhecimento", qualquer coisa que esteja sEndo feita e que não leve em consideração O Método tende, ou ao anacronismo, ou ao obsoletismo.

2. Acabamos de estudar o volume 3, Conhecimento do Conhecimento, na turma de Epistemologia da Faculdade Batista do Rio de Janeiro. Com essa, é a terceira vez que leio O Método 3. Vou ler de novo... E-x-t-r-a-o-r-d-i-n-á-r-i-o.

3. Apenas uma breve comentário: a vida sustenta-se por meio de uma rotina básica - a computação viva, isto é, a capacidade/necessidade que o sujeito vivo tem de "computar-se" (tenho fome, tenho sede, preciso escretar, estou em perigo, está frio, estou ferido etc.) e de "computar" o meio ambiente (tem comida, tem predador, tem esconderijo, tem água etc.). A base da vida é a informação, logo, o cômputo - o regime de coleta de informações do meio ambiente à luz das necessidades intrínsecas do sujeito vivo. Assim, é por meio de sua perfeita adaptabilidade ao real enquanto real que a vida se sustenta.

4. Simples assim: na vida real, comida tem de ser comida. Se a computação viva erra e trata como comida veneno, morre. Se a computação viva erra e trata como presa o predador, nhac! Se a computação viva erra e trata como esconderijo a toca da raposa, nham!, nham!, nham!

5. A espécie humana é dotada de uma terceira capacidade de computação: a vida humana, o corpo humano, a máquina humana viva, computa a si mesma (fome, sede, frio, calor, medo etc.), computa o meio (comida, bebida, presa, predador, esconderijo etc.) e - diferentemente de todas as demais espécies (pelo que se sabe!), dada a extrema complexidade organizacional de sua massa cerebral - computa o próprio movimento/processo de computação. A consciência humana seria a retroação do cômputo vivo sobre si mesmo, a computação da computação - reflexividade da máquina viva sobre o processo de a máquina viva se computar... Consciência.

6. Ora, a cada passo na "evolução", isto é, desde as células mais básicas até os animais superiores, cada aumento de complexidade neuro-cerebral implica em maior capacidade de esquadrinhamento do real, de melhoria na performance de tratamento do real... Por que cargas d'água inventou-se de se tratar o conhecimento humano como alguma coisa vinda de outro mundo (Platão)? E, pior ainda - por que cargas d'água inventou-se, recentemente (epistemologia não-fundacional) que o conhecimento humano é um véu não-repousável sobre o real? Por que, em nome de que intenção, se pode dizer que a maior complexidade sináptica do planeta seria justamente aquela cuja operação epistemológica, em lugar de aperfeiçoar sua relação dialogal com o real, escapa dele, ou a ela lhe escapa o real?

7. Não faz o menor sentido...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sobre ombros de gigantes


 

Arquivos de Peroratio