1. Em seu post sobre “Abstrações”, Osvaldo foi esclarecedor. Aliás, vou aprendendo, sempre, com meu amigo Osvaldo.
2. Aqui quero, para não me ausentar, somente manifestar minha concordância com os conteúdos expressos, embora ainda não concordando quanto à terminologia. O que define ‘tradição’ e ‘Tradição’? É o conteúdo? A experiência de quem define? Não pode haver intercâmbios entre conteúdos de um e de outro?
3. Ficou claro: ‘Tradição’ é instrumento de poder. É condensação de conteúdos manejáveis, manipuláveis a partir de instrumentos de poder. São domain assumptions. São conteúdos também receptíveis (e como!) pelos interlocutores, ouvintes, leitores, fiéis, cidadãos...
4. Embora não tivesse, à época, ainda avançado para uma reflexão teórica mais aprimorada (ainda a estou construindo – na verdade construímos sempre), na minha tese de doutorado procurei demonstrar a mesma questão no campo da exegese do livro do profeta Amós. Meu interesse era demonstrar que os termos ‘Israel’, ‘filhos de Israel’, ‘meu povo Israel’, ‘Jacó’, etc. não significavam sempre a mesma coisa. Haveria que analisar texto por texto, perguntando pelo significado do termo no contexto. O ‘miolo’ da discussão era a famosa afirmação, proferida em nome de YHWH, na quarta visão: “chegou o fim para o meu povo Israel”. Se a profecia é porta-voz de crítica social face aos desmandos dos poderosos, como poderia este anúncio abarcar ‘todo’ o povo de Israel. Minha conclusão foi no sentido do anúncio de um fim parcial. ‘Israel’ não é sempre ‘Israel’, ‘meu povo Israel’ ou ‘filhos de Israel’ não significa sempre a mesma grandeza. Assim também, com razão, não há que, mais, se falar em ‘teologia de Israel’.
5. Várias discussões, atualmente, estão procurando dar conta destas distinções. Seguimos discutindo... e aprendendo.
HAROLDO REIMER
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