quarta-feira, 25 de março de 2020

(2020/038) Religião, Covid-19 e por que no fundo se tem um grande circo armado


Não importa o que digam os especialistas progressistas, as pessoas vão à religião pela magia. Elas acreditam no grosseiro, no bruto. O mundo, para os religiosos, é mágico, fantástico, cheio de fantasmas, diabos, deuses. O mundo, para os religiosos, é um grande filme de terror. O que elas querem da religião é bênção, ajuda, socorro, arrimo, comida, casa, saúde, amor, trabalho, dinheiro... Quando um especialista me fala que a função da religião é dar sentido à vida não falo nada, porque sei que ali vai alguém que ou não conhece nada de religião, ou nada sobre os seres humanos, ou nada sobre as duas coisas. O que elas querem da religião é o que literalmente a religião promete pra elas. Fosse metáfora, Macedo passava fome...

Vejamos então o caso do Covid-19. Pensemos no religioso típico. Ele acredita mesmo em deuses, milagres, essas coisas. Para ele, isso é real, tão real quanto caganeira. Mas os progressistas vivem em mundos ambíguos: metade do cérebro vive no mundo moderno, que ele tenta transformar em pós-moderno, certamente para conciliar as coisas irreconciliáveis, e a outra metade do cérebro vive no mundo religioso. Para tentar conciliar as duas coisas, ele quer transformar o mundo religioso em uma gosma metafórica. Uma coisa ridícula. Em nenhuma hipótese isso funciona na cabeça do religioso. Ele está no mundo religioso extamente como o mundo religioso se apresenta para ele, literalmente.

Aí vem o Covid-19. Não quero discutir a quarenta. Mas o governo estabelece a quarentena. O homem moderno, que sabe que religião é teatro, automaticamente sabe que é para fechar o teatro. Mas o religioso não é moderno, ele não sabe - é ignorante - que religião é teatro. Ele realmente acredita em deuses, milagres. Para ele, mesmo se mil vírus entrarem em todos os seus orifícios, ele só pega a doença se os deuses deixarem. Na perspectiva religiosa, ele está certo... Seus líderes ensinam isso todos os dias, todas as noites, em todos os textos, mesmo nos fundantes. Aí, o progressista fala mal dos líderes religiosos e dos próprios religiosos, porque, levando a sério a religião, não aceitam que ela seja tratada como teatro: vamos manter os cultos, porque Deus é maior. Ora, e não é não?

Pois bem, a gente tem que tomar tenência. Ou você brinca de religião, ou brinca de sociedade moderna. As duas coisas não combinam, principalmente para uma população absolutamente ignorante, liderada por religiosos entre encantados com a conversa fiada da conciliação entre modernidade e obscurantismo e pilantras profissionais, vagabundos de Jesus, bandidos de Deus e canalhas do Espírito.

Como resolver isso? Só na porrada. O religioso não vai entender nunca que o que ele opera lá no seu lugar mágico é encenação social. Os governantes têm, todavia, de agir assim: não podem levar a sério o que se opera lá, no sentido de considerar que o que ali ocorre é o que o religioso pensa que ocorre. Ele tem de tratar religião como futebol - se fecha estádio, fecha templo. Salvo, claro, se ele é da mesma máfia da liderança religiosa pilantra bem conhecida nas TV...

Se tem que fechar cultos? Obviamente que sim. Mas depois não me venha com conversa fiada sobre a função semântica da religião... Religião é teatro, e a população tem de saber disso. Enquanto não disserem isso para ela, vai ser isso aí, esse circo, essas cenas horrorosas, obscurantismo em altíssimo grau.

Eu não tenho paciência com quem crê tentar conciliar mundos irreconciliáveis. E aposto ainda que, passada a crise, voltarão os iluminados pós-modernos a falar as mesmas patacoadas líquidas que falam hoje, enquanto os religiosos continuarão ignorantes como são hoje, porque os iluminados pós-modernos não mexem uma palha para os tirar de lá. Pelo contrário. E, então, virá outra cepa...






OSVALDO LUI RIBEIRO

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sobre ombros de gigantes


 

Arquivos de Peroratio