terça-feira, 14 de maio de 2013

(2013/521) O cristão que escolheu ser ético e descobriu que ou se é cristão ou se é ético


1. Todo cristão tolerante, plural, inclusivo - sinto dizer - é, já, herege, desobediente e um falso-cristão. Podemos tornar as coisas mais "compráveis", ou seja, para eu trazer pessoas para o "meu" lado, posso dizer mais bonitinho: é um "novo" cristão - o novo disfarça o fato de que ele, então, teria mudado as regras...

2. Se deixarmos abstrações de lado, utopias (isto é, coisas não-tópicas, não-localizadas, irrealidades quiméricas do desejo), leituras espiritualizantes e equivocadas de passagens seletas, se deixarmos projetos apologéticos e nos ativermos estritamente à História e ao que o Cristianismo foi e é, de fato, enquanto instituição e povo, bem, nesse caso, a regra é: ser intolerante, convertedor de todos, missionário, conquistador, pregador...

3. Ora, pessoas tolerantes, inclusivas, plurais, não são mais nada disso.

4. Logo, sinto dizer que os melhores cristãos, os bons, os éticos, não são mais sequer cristãos de fato.

5. Como, todavia, ainda acham que para ser um bom homem ou uma boa mulher, tem de ser cristão, ele ou ela, mesmo não sendo mais cristão para poder ser bom, insiste em que é.

6. É curioso, esclarecedor e até divertido ver a cara de sofrimento interno do sujeito tentando convencer você de que ele é, ao mesmo tempo, inclusive, tolerante e plural - e cristão.

7. Tudo bem: um cristão herege...

8. Como heresia significa escolha: um cristão que escolheu viver como um não-cristão. Escolheu se ético.




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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