A religião tem a síndrome do Estado - não dá para saber quem tem a síndrome de quem.
O Estado pretende dar conta da vida integral de todos. E não dá.
A religião - e penso sobretudo na igreja - tem pretensões toais sobre a vida total de todos. Mas não dá jeito para nada de concreto.
A mulher apanha do marido. Há vinte anos. Agora, há uma Maria da Penha, mas estamos longe de um Estado que tenha mecanismos de a aplicar - dadas as conseqüências.
Para a Igreja, chega a ser risível. Diante da situação de um filho que conta ao pastor que a mãe apanha em casa do marido está o espelho da situação cômica e trágica de uma instituição que se arroga o direito sobre a eternidade, mas que não tem a mínima condição, nenhuma, de lidar com um caso simples, porque não tem estrutura, não tem projeto, não tem estratégia, não tem tática, para lidar com a vida concreta das pessoas - a despeito de meter-se na vida delas.
Era para aprendermos, pormos o rabo entre as pernas e, humildemente, restringirmo-nos aos ritos de que somos agentes contratados - nada mais do que isso.
Em vez disso, como sempre, nosso discurso contorna a realidade e, a despeito dela, vamos fingindo que somos quem somos...
A coisa toda soa muito espiritual, parece...
Aí, vêm os papas do espiritual neo-espiritual e levam o povo para o circo de horrores teológico...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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