sábado, 6 de abril de 2013

(2013/399) Salvar os textos antigos - da estratégia retórica de Frank Crüsemann em artigos de "Cânon e História Social"


1. Definitivamente... Fui ler mais um texto do Frank Crüsemann, dessa vez sobre "autonomia e pecado". A ele, interessa falar de Gn 4,7, mas, para isso, passa por Gn 2-3 e sobre a leitura que von Rad e O. Steck fizeram desse texto - o pecado de Adão e Eva foi a autonomia. Perfeito, me parece.

2. Aí, lá vai Crüsemann a dizer que, à luz de Gn 4,7, pode-se ler de outra forma Gn 2-3...

3. Ai, ai! Por que será que em vez de simplesmente ler o texto, interpretá-lo, à luz de seu momento histórico-social, Crüsemann tem de tentar salvá-los? 

4. Ele sabe que a Igreja usa esses textos para reforçar a noção de autonomia humana como pecado - e tenta resolver esse problema, ou seja, impedir esse uso, fazendo o texto dizer outra coisa, esforçando-se por nos convencer de que o texto não trata autonomia como pecado...

5. Mas que metodologia é essa? Manter-nos ligados a esses textos como depósito analógio-normativo para nossa vida? O que fazemos é bom ou mal em relação ao que eles dizer - e, se eles dizem algo ruim, a gente faz eles dizerem algo bom?

6. Isso não é pesquisa!

7. Isso é política - erudição a serviço da mesma mentalidade que nos trouxe até aqui...

8. Fazer-nos abaixar a cabeças injunções de textos de três mil anos, quando, à nossa volta, já rompemos com 90% de tudo o que eles dizem!

9. Para mim não dá: quero estudá-los, mas não me interessa o que eles dizem como certo ou errado. Há coisas que eles dizem que são certas e que são erradas e há coisas que eles dizem que são erradas e que são certas. A ética deles só me interessa na medida em que coincida com a nossa ética - e pronto.





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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