sábado, 10 de novembro de 2012

(2012/743) "Eu vi o Senhor"...

1. Ontem, uma boa conversa com colegas professores da Unida, sobre apocalíptica, Apocalipse, experiência religiosa de caráter extático e literatura. Não há como todos terem a mesma opinião, claro...

2. Mas eu comentei que, se você conversa com qualquer crente, ele dirá que se encontrou com Deus no domingo, que falou com ele, que o sentiu, que viu e sentiu a sua presença...

3. Sabemos que tudo isso é forma cultural de dizer que foi ao culto e sentiu emoção... Ver, mas ver, mesmo, viu não. E sentir, mas sentir mesmo, sentiu o resultado da emoção de sua fé encantada pela liturgia...

4. Penso rigorosamente o mesmo de autores bíblicos. Os autores usam expressões que remetem a essas experiências - ver, sentir, falar, ouvir...

5. Não vou reduzir todas ao mesmo fenômeno, mas eu penso que é adequado supor que a esmagadora maioria delas é convenção cultural. Não viu, não ouviu, não sentiu - é ele mesmo falando de si, exatamente como nossos crentes de segunda-feira, experimentando ainda o resto das brasas da fogueira da noite anterior...

6. Só que você lê e toma ao pé da letra...

7. Que algum desses escritores possa ter tido experiência extática, não descarto. Algum. Todos, descarto radicalmente. E, além disso, mesmo essa minoria que eventualmente teve sua experiência, mesmo essa minoria não está mais tendo experiência alguma quando escreve - quando escreve, é racionalização programática pura: é projeto retórico pra valer...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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