sábado, 31 de março de 2012

(2012/338) Não interessa quem disse: se não faz sentido, não faz sentido e pronto

1. Não interessa se foi sua mãe que disse: se não faz sentido, não faz sentido e pronto. Pare de ficar repetindo. Pare de fazer. Pare de pensar assim. Pare e reflita. Não é porque se disse que é assim que é assim - pare e pense!

2. Não interessa se foi o Papa, o Patriarca, se foi "Deus" que disse - se não faz sentido, não faz sentido. E você não precisa ficar pensando desse jeito só porque eles disseram, fazendo isso, só porque eles mandaram, dizendo essas coisas, só porque é ordem deles. Pare e pense: se não faz sentido, simplesmente ignore.

3. Não interessa se foi seu professor - inclusive eu -: se não faz sentido, não faz e pronto. E, se não faz sentido, ainda que tenha sido professoral o tom, simplesmente desconsidere, deixe sobre a cadeira, largue num canto.

4. A Tradição é boa - sem ela a gente não seria essa rede social, antropológica, histórica, com transmissão de cultura de geração para geração. Todavia, a tradição pode tornar-se uma prisão, morte, morgue, necrotério, frasco de álcool e formol com cadáveres dentro.

5. É preciso parar com a correria, com a repetição acéfala, com a automação do dia a dia. Pare. Pelo amor de Deus, pare e ouça o que você está dizendo. Pare e veja o que você está fazendo. Pare e pense no que você está pensando.

6. Na maior parte do dia, o que você faz não tem nada a ver com você, é transferência de você para qualquer outra coisa - o mercado, a fé, a automação sem freios.

7. Pare, encontre-se, enxergue-se, sinta-se, ouça-se.

8. Verá o quanto de escravidão inconsciente há em você.

9. De tudo isso, advém um problema: e como decidir o que faz sentido? Voluntarismo? Subjetivismo idiótico? Modismo? Não, não é fácil libertar-se, porque desembestar no campo, a correr como louco, sem rumo e lugar, pode parecer poético, mas o corpo cansa, você para e não foi a lugar algum...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

PS. os parágrafos 3 e 9 acrescentei-os agora. O 3, para deixar claro que não há exceções à regra. O 9 para deixar claro que não se trata de anarquismo epistemológico (ao que tenho verdadeiro horror - e, penso, igualmente a vida), mas da consciência de que a "verdade" impõe critérios, e não só a verdade, mas, da mesma forma, ainda que cada qual a seu modo, o "bem" e o "belo". Critérios - quais? -, eis o drama da liberdade: sapere aude...

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sobre ombros de gigantes


 

Arquivos de Peroratio