sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

(2011/059) Está cada vez mais difícil duvidar de que haja "vida" fora da Terra


1. Uma coisa é você olhar para o céu, de noite, observar aquelas milhares de luzezinhas e, num arroubo de esperança, apostar que haja vida lá. Outra coisa é você começar a mapear ainda que uma parte pequena daquele "infinito" todo, estabelecer alguns critérios para uma razoável possibilidade de haver vida ali, e, então, começar a localizar planetas orbitando nessa faixa razoável...

2. O Universo está cheio de sóis de diferentes tamanhos, alguns muitas vezes, milhares de vezes, maiores do que nosso sol, que é relativamente pequeno, inclusive. Dependendo do tamanho do sol, de seu tipo, as distâncias entre ele e um planeta que pudesse conter água em estado líquido varia razoavelmente. A Terra está a 150 milhões de quilômetros do Sol, e isso permite que aqui haja água em estado líquido - o que, por sua vez, permite o surgimento de formas de vida. Se o Sol fosse maior, ou menor, a Terra teria que estar a uma distância respectivamente maior ou menor em relação a ele, para que a água pudesse ser formada aí.

3. Pois bem, o telescópio Kepler está descobrindo candidatos a planetas, orbitando outros sóis, a uma distância local que, em tese, lhes permitiria a existência de água em estado líquido. Meia centena de planetas já foram identificados nessa "faixa de razoabilidade". O que significa que são candidatos reais à possíveis planetas que contêm formas de vida biológica. Já não se trata de especulação solta - entramos no campo da "especulação" rastreada: hipóteses que podem ser testadas e falseadas. O que, é verdade, não significa que, havendo a chance de aí haver vida, que haja. Todavia, a chance está lá - e, se aqui houve o curto-circuito, e se o curto-circuito é uma função "ecossistêmica", isto é, dá-se em função do contexto, das condições locais, estamos, então, diante da possibilidade de estamos mirando o telescópio para a casa de criaturas vivas.

Telescópio Kepler pode ter encontrado 54 planetas na zona habitável


4. Precisaremos de outro Adão. O "nosso" Adão teria dado nome aos animais da Terra - é o que diz a tradição (alegoria) cristã e judaica. Logo teremos diante de nós uma boa quantidade de animais sem nome. Até lá, esperemos ter-nos curado da mania de destruir os povos "descobertos" - porque há uma boa chance de que o telescópio Kepler seja como aquela luneta com que Colombo olhou a América pela primeira vez, ainda na caravela. Cada índio que pisava a terra sob mira recebia, ali, sua sentença de morte... Além disso, para o fazer, precisou-se também escravizar muito negro africano - o que me leva à pergunta: quem serão os escravos com que nos permitiremos assassinar a vida dos mundos a serem descobertos? "Deus" já deve estar trabalhando nisso...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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