1. Nossas gerações mudam, hoje, muito rápido. Meu avô, aos 50 anos, era da mesma geração do pai dele - pouca distância, em todos os sentidos, havia. Provavelmente, alguma distância havia, então, entre meu pai e meu avô - um, quase não conheci, o outro, jamais vi. Todavia, não devia ser, de todo, uma distância tão insuperável. Agora, a distância que nos separa de nossos filhos, nós, homens dos quarenta, e nossos filhos pós-adolescentes... enorme.
2. Alguns tentam fingir pertencer ao mundo dos filhos. Trata-se de uma tentativa desesperada de não perdê-los. Não falo nem daqueles que jamais os tiveram, porque nunca souberam entrar naquele mundo novíssimo que é o deles. Eu tentei.
3. Não, não sou do mundo de meus filhos. Eu sei disso. Eles sabem. Nem jamais fingi ser. Sou quadrado demais, mesmo sendo um bocado liberal em alguns assuntos. Mas tenho meu próprio mundo, e, eles, o deles. Somos, eles e eu, criaturas por demais cosmogônicas... E acredito que Bel e eu demos doses cavalares de independência às crias paridas...
4. Mas eu consegui gostar de muitos dos cenários de seus mundos, que me apresentaram, e, então, aí, construímos uma fronteira comum, uma Terra Média, digamos, onde construímos uma vila de pai e filhos. Um dos temas que nos uniu foram os jogos virtuais - principalmente os jogos de RPG, de console e de PC, e, depois, os MMORPG. Não precisei fingir - apaixonei-me por esse mundo, tanto quanto eles, e curtimos muito, muito mesmo, juntos.
5. Outro tema foram as músicas. De vez em quando eles me apresentam alguma coisa e dizem: pai, desse você vai gostar. É porque eles sabem de meu gosto particular, e, então, quando descobrem alguma coisa, correm e me apresentam. Às vezes, erram. Às vezes, acertam. E foi meu filho mais novo, Jordão, que me apresentou a Pure Morning. Ele está, agora, na casa de praia dos sogros, e, com saudade, vim ouvir Placebo. Ouvir Placebo é voltar àquele dia em que ele entrou pela porta do quarto e mos apresentou. A memória, assim, é um modo de ficarmos com nossos filhos... mesmo quando temos de ir embora...
6. Jordão!, essa é pra/por você...
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Vídeo Oficial!
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Um comentário:
Osvaldo, que linda reflexão. Já que não assisto mais suas aulas, sempre te acompanho aqui pelo blog e, também, pelo site ouviroevento. Um forte abraço.
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