Você pode encontrar em Gênesis 2-3 o programa que ainda roda na tradição judaico-cristã até hoje. Aqui, falarei do principal, que roda inclusive nos espaços progressistas, que se julgam superiores em relação aos espaços conversadores.
Não se trata de bem e mal. Já falei várias vezes, e repito, trata-se de bom e mau. No mito, a divindade (isto é, quem escreveu o texto, os sacerdotes) não quer que os camponeses (Adão e Eva) decidam por si mesmos o que é bom e o que é mau - porque seriam, então, como os deuses, que se autodeterminam! O que a divindade quer - não perca isso de vista: o que os sacerdotes querem! - é que os camponeses (Adão e Eva) façam apenas o que a divindade (os sacerdotes) decidirem que é bom. Não se trata de moral, mas de autonomia. Adão e Eva são tratados como se fossem crianças...
O religioso da tradição judaico-cristã (mas qual não?) é tratado como criança. Não é concedida a ele autonomia, não lhe é ensinada a autonomia, a emancipação, a crítica, a liberdade. A fé é cabresto. E é assim, a cabresto, que caminha a fé por dois mil e quinhentos anos, e temo que assim e só assim caminhará, enquanto caminhar...
Sei que algumas pessoas lerão esse texto e (imagino até o nome de algumas!) dirão que é anacrônico... Eu também acho anacrônico um sacerdote da fé tratar pessoas como um texto as tratava há dois mil e quinhentos anos...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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