sábado, 28 de novembro de 2015

(2015/439) Fragmentos facebookianos

I.

O rapaz reage a um post de Peroratio, em que discuto texto e autor, e diz que quem fala no texto não é uma pessoa de carne e osso, mas uma personalidade subjetiva e abstrata, e eu não sei mais a quem estou respondendo, se a ele, que disse isso (mas disse?), se ao PC dele ou se a um fantasma que fica de sacanagem no texto de todo mundo...
Tenho saco não...
Ah, essas teorias que só funcionam nas carteiras dos alunos...



II.

O camarada me escreve para dizer que em um discurso, ninguém fala por ele, é falado por ele. Ele não se dá conta de que isso pode ser verdade na cabeça dele. Mas é o típico pensamento totalitário: se é o pensamento dele, então é assim que as coisas são...
Uma tolice.



III.

A teoria literária sobre o discurso torna o processo judicial por difamação e calúnia uma estupidez: afinal, não foi a pessoa processada que disse que o sujeito é uma anta e uma cavalgadura... Foi o texto!
Ah, essa gente que vive na bolha...



IV.

Deus, Jesus e Reino de Deus terem se transformado em fetiche não é lá grande tragédia. Tragédia mesmo é terem virado uma calcinha comestível de 1,99 da 25 de março...



V.

Acho que há mais uma coisa que apenas a espécie humana faz: além de suicídio, jejum... Desconheço espécies que deliberadamente se privam de alimento. E isso por uma razão fundamental: a função da vida é manter-se e reproduzir-se: logo, sexo, sexo, sexo, comida, comida, comida, sexo, sexo, sexo, comida, comida, comida... Com trocadilho e tudo...



VI

Eu gosto da estética budista, mas não da sua filosofia: gastar a vida meditando para fugir da vida... Não mesmo: viva o carbono! Mas a estética é show de bola...



VII

"Nós teólogos (...) Deus é um só". Não me inclua nessas declarações de fé, por favor... Mas já que o assunto é de minha praia, deixe-me dizer que que seja que Deus seja um só (se bem que eu duvido que algum cristão consiga explicar decentemente o imbróglio da Trindade), mas os deuses são muitos e as deusas, muitas. De sorte que eu acho declarações desse tipo - "Deus é um só" - na boca de teólogos um equívoco ético enorme...



VIII

Em nenhum sentido a mística está dissociada da religião e da doutrina. Tanto quanto a espiritualidade, que nada mais é do que mística pós-moderna, a mística é uma espécie de quintessência refinada da religião. Mas ainda é, para todos os efeitos, religião.



IX

Os movimentos já são perceptíveis - para quem quer ver. Mas eu não dou dez anos para que a "espiritualidade" comece a ser profissionalmente tutelada para a massa alternativa...







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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