quinta-feira, 12 de junho de 2014

(2014/593) Uma exigência para pesquisa de religião


Se não sou capaz de esvaziar-me inteiramente de meus mitos e admitir, sem piedade nem dó, a sua condição psicológica, cultural, criativa, fictícia mesmo, de realidade vinculada à minha crença e nada mais... Se não sou capaz de reconhecer-me como sujeito antropológico que opera a religião a que se dedica nessa condição, e só nela... Se não sou capaz de sair de mim mesmo e ver-me como outro, e ouvir, da distância crítica necessária, minha própria fala a respeito dos meus mitos e ritos e verdades teológicas... Se não sou capaz de admitir que acredito que meus mitos existam apenas porque acredito... Se eu não sou capaz de fazer isso, eu acho que eu não sou capaz de pesquisar religião, de estudá-la, de investigá-la, de virá-la (e a mim!) do avesso, de levantar-lhe as saias e ver-lhe as vergonhas desnudas... A pesquisa da religião é, para o religioso, o maior dos imperativos éticos e a maior das exigências psico-antropológicas: é, para ser sincero, um novo desnacimento...









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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