sexta-feira, 28 de março de 2014

(2014/055) Nossa ignorância constitutiva


Nenhum de nossos neurônios sabe de nós.

Nenhuma de nossas células nos conhece.

Nenhum de nossos ossos sabe nosso nome.

Nosso sangue inteiro nos ignora

- e nossa pele não sabe que nos recobre...

A despeito disso, somos o que somos.

Somos a soma dessas ignorâncias todas.

Mas somos.

Quando tudo se desfizer,

a ignorância permanecerá.

E nós a beijaremos, finalmente...







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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