A concepção epistemológica sobre a relação sujeito-objeto tem muitas armadilhas: uma delas, mas não a única, é o axioma, explícito ou escamoteado, inconsciente, até, de que sujeito e objeto pertencem a reinos diferentes, como o queria Descartes - res cogitans e res extensa como grandezas de mundos irreconciliáveis. Há aí, como em Descartes propriamente, a crença na alma platônica, de cuja desconsideração nos adverte o cristianíssimo final de Discurso Sobre o Método.
Com efeito, enquanto eu pensar o sujeito como ação de almas fantasmáticas, dou a mão à palmatória...
Todavia, cavalheiros, o eu-sujeito, o cérebro-espírito é um fenômeno exclusivamente físico. Se há alma em nós, arrume-se outra coisa para que ela vá fazer, posto que pensar e computar o mundo é a obra do cérebro e do corpo, juntos.
Assim, o pensamento é da mesma dimensão física, assim como a energia e a matéria são uma única coisa...
Resultado: a relação sujeito-objeto é uma relação entre vida e não-vida, mas essa é a única diferença e, considerando-se que a vida é fenômeno exclusivamente físico, bem, não há mais diferença fundamental alguma...
Em termos epistemológicos, o pensamento é fenômeno físico, emergindo desde o cérebro físico, o corpo físico, e em milenar relação recursiva exatamente com o mundo físico.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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