quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

(2013/073) Quando a pastoral fracassa

Para eu ir dormir, e para mostrar como sou uma pessoa altruísta e preocupada inclusive com meus aborrecidos contra-admiradores, permitam-me dar, quem sabe?, uma chave para a explicação de minha neurose e, então, lhes dar condições de dormir sem gastar precioso tempo a pensar me mim...

Quem sabe?, é só uma pergunta, quem sabe?, toda a minha aborrecida pena contra a pastoral - de modo geral, em sentido epistemológico, e, quanto ao particular, aplicado aos manipuladores, não derive de um fato de minha criação?

Vejam: meu pai deixou minha mãe e meus irmãos quando eu tinha uns cinco ou seis anos. Fiquei sem conhecê-lo até os quinze. Aos quinze, do nada, ele aparece, e fica um ano e meio. Vai-se de novo, some, e ouvimos dizer que morreu no Centro-Oeste.

Que prato para a psicanálise, não?

Criado pela mãe, tendo que trabalhar fora. Não teve uma figura paterna ao lado: é um desajustado...

Muita pressa... 

Há que ser um pouco mais sofisticado no trato da questão...

Sua ausência paterna sentida até os ossos hipertrofiou a sua relação paternal com a pastoral - um processo de transferência.

Faz sentido - mas isso explica o que de sua iracunda condição?

Ora, digamos que a transferência da ausência paterna para a pastoral tenha sido frustrada. Um cripto-neo-pai que lhe frustra - é como se, de novo, se tivesse posto Cristo à cruz...

E em que se teria frustrado tão profundamente com a pastoral?

Ter sido enganado, catequizado, "evangelizado", super-protegido, ludibriado, e, quando ele foi às fontes e leu, deparou-se com a traição em que vivia.

Fala da pesquisa?

Sim, começando por ela.

Faz sentido. Primeiro, traído pelo pai. Depois, pela pastoral, que colocara no lugar do pai. 

Em que estado estará aquela alma?

Pois bem...

Penso que, assim, dou com u'a mão e tomo com a outra: porque a chave que dou é, também ela, uma denúncia, e, no que me diz respeito, a mais pesada.




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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