1. No fundo, a isso se resume a "economia" capitalista. Não, sob nenhuma circunstância estão preocupados com "pessoas", com o "povo", com o que é de carne e osso - é o "sistema" que conta... Só. Mais nada.
2. O mesmo fenômeno se esconde em diversas abordagens acadêmicas atuais - da Lingüística à Antropologia: mata-se o ser humano concreto, as pessoas, o sangue e a carne, e fica, apenas, o esqueleto ideológico.
3. O curioso é que uma tropa considerável de supostos "revolucionários" latino-americanos caíram na armadilha. Penso que seja o caso de terem caído na armadilha, porque não posso imaginar (por exemplo) um Croatto "cínico".
4. Mas, quando, desde a década de 80, ele defendia o "texto", a estrutura do texto, a semiótica do texto, desde aí, ainda que em nome dos homens, matava justamente eles, os homens. Sob os cadáveres dos homens, se erguia o "sistema humano". Não?
5. Não crêem? O que posso fazer? Dou um exemplo. O Tratado de Semiótica de Umberto Eco, o grande Umberto Eco, eis o que ele diz, com todas as letras: "Neste livro, a semiótica teve seu sujeito (no duplo sentido de 'argumento' e 'protagonista'): a SEMIOSE" (Eco, Tratado de Semiótica, p. 257).
6. Viram? O "sujeito" é a Semiose! Deus do céu! Depois, ele fará questão de ressalvar: "isto não é um asserto metafísico: é uma assunção metodológica", o que me lembra o argumento máximo da Teodicéia evangélica contemporânea: não, Deus não mata, ele apenas deixa matar...
7. Paupérrimo século XX pós-marxista... O século da metáfora, da desumanização, do pós-moderno - é a fase docetista do "humanismo"... Em nome do Homem. Mas, no fundo, depois do século da morte de Deus, é, esse, o século da vingança de Deus: mata-se o homem a cada vez que se lhe dirige o olhar... E Deus se ri...
8. Na Economia, aí está, em concisão absurda, a regra do j(o)(u)go, descrita por Nassif: "é uma disputa pela apropriação dos excedentes do Estado". E nas Ciências Humanas - trata-se de que disputa?
Nassif
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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