1. Uma alma (entre aspas) atormentada (entre aspas) jamais deveria ser crítica. Se há um animal a que ela poderia ser comparada, deveria ser o boi - a que Nietzsche adequadamente comparou a alma cristã. Pois essa deveria ser minha comparação - mais: minha metáfora! Eu deveria ser uma figura bovina, a mascar o capim de ontem no compasso das horas...
2. E no entanto... Talvez haja quem pense que se trate de uma opção. Calar até é uma opção: mas não ver, não. E, para a alma atormentada, ver e calar é um tormento ainda maior.
3. Essa condição não devia ser dada a pessoas de sensibilidade, que se arranham nas farpas dos discursos, porque elas mesmas, na condição de críticas, armam suas barricadas de arames farpados. Distribuem arranhões, mas sensibilizam-se dos pregos a lanhar a própria carne.
4. Houvesse coerência psicológica aí, insisto: seria como o boi, cercado... e feliz... Todavia, à simples visão da cerca, das farpas, das pontas afiadas, eis que o touro se lança, se lanha. E dói.
5. Não sei mais se é alguma coisa para Freud, Jung ou Reich.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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