
1. Volto ao tema anterior. É que não saí dele - ou ele, de mim. Dias há que são assim: uma idéia me persegue, alguma coisa entre uma neurose e uma questão de fundo, pedindo solução. Já disse a ela, à questão de fundo, que não lhe tenho solução. Mas ela é surda... Ou eu...
2. A religião não passou pelo XIX. Nem ela nem sua alma, a Teologia - agora, toda religião tem "alma" - no Brasil... Antes, religiões não-cristãs eram corpos sem alma. Só o Cristianismo tinha alma. Só ele tinha "Teologia". Mas o MEC concedeu alma a todas as religiões. Todas, agora, têm alma. Todas têm "Teologia". Também elas, as almas-teologias das religiões, também elas não passaram pelo XIX - e nisso, não vi deferença alguma entre elas: até nisso são iguais, as Teologias... Os religiosos e os teólogos, idem. Nem querem.
3. Pergunto: é possível uma civilização passar por ali, mas uma parte dela, não? É possível à religião manter-se indefinidamente alheia às questões do século XIX? Barth há de dominar sobre nós, soberano? É isso o quê? - um destino? Teologia é o que ela era aos seus próprios olhos, antes do XIX? Mesmo agora, no XXI, ela é o que ela era lá e então? Ela, a Teologia, é uma coisa tal, de tal modo pensada e nutrida, que se passar pelo XIX, morre? Também a religião? Também os teólogos? É assim? Quem quiser ser religioso, teólogo, tem que decidir viver na Idade Média - para sempre? Ao menos, fingir que vive?
4. Talvez seja. Mas - adivinhem!: recuso-me a crer. Anotem: recuso-me a crer que "religião" é necessariamente alienação e mito ignorados enquanto tais, que Teologia é só e tão-somente instrumentalização normativa e política, de caráter metafísico (mas, até agora, é isso que são, e nada mais). Recuso-me. Também a Teologia se recusa a alguma coisa. Somos duas criaturas em plena recusa, em plena pirraça. Nisso, somos iguais. E, no entanto, quão diferentes nos tornamos um, eu, da outra, ela, a Teologia... Mas que ela não se descuide: quando menos esperar, ei de tê-la transformado. E, quando os teólogos a olharem, dirão a ela: "Muito prazer!"... Falei?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. A religião não passou pelo XIX. Nem ela nem sua alma, a Teologia - agora, toda religião tem "alma" - no Brasil... Antes, religiões não-cristãs eram corpos sem alma. Só o Cristianismo tinha alma. Só ele tinha "Teologia". Mas o MEC concedeu alma a todas as religiões. Todas, agora, têm alma. Todas têm "Teologia". Também elas, as almas-teologias das religiões, também elas não passaram pelo XIX - e nisso, não vi deferença alguma entre elas: até nisso são iguais, as Teologias... Os religiosos e os teólogos, idem. Nem querem.
3. Pergunto: é possível uma civilização passar por ali, mas uma parte dela, não? É possível à religião manter-se indefinidamente alheia às questões do século XIX? Barth há de dominar sobre nós, soberano? É isso o quê? - um destino? Teologia é o que ela era aos seus próprios olhos, antes do XIX? Mesmo agora, no XXI, ela é o que ela era lá e então? Ela, a Teologia, é uma coisa tal, de tal modo pensada e nutrida, que se passar pelo XIX, morre? Também a religião? Também os teólogos? É assim? Quem quiser ser religioso, teólogo, tem que decidir viver na Idade Média - para sempre? Ao menos, fingir que vive?
4. Talvez seja. Mas - adivinhem!: recuso-me a crer. Anotem: recuso-me a crer que "religião" é necessariamente alienação e mito ignorados enquanto tais, que Teologia é só e tão-somente instrumentalização normativa e política, de caráter metafísico (mas, até agora, é isso que são, e nada mais). Recuso-me. Também a Teologia se recusa a alguma coisa. Somos duas criaturas em plena recusa, em plena pirraça. Nisso, somos iguais. E, no entanto, quão diferentes nos tornamos um, eu, da outra, ela, a Teologia... Mas que ela não se descuide: quando menos esperar, ei de tê-la transformado. E, quando os teólogos a olharem, dirão a ela: "Muito prazer!"... Falei?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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