A adequada interpretação de um texto bíblico por meio do método histórico-social depende basicamente de sorte.
Eu explico.
Não estou negligenciando a técnica. É pressuposto. Se não domina o Hebraico bíblico, se não domina as técnicas histórico-críticas, se não domina a própria Língua, então esquece.
Considerando-se, todavia, que tenha o domínio e, por isso, pretenda meter-se a interpretar - em sentido histórico-social - um texto bíblico, então se precisa de... sorte.
Digo isso porque a tarefa é difícil e ingrata. Não é qualquer texto que se entrega à adequada interpretação.
Se o texto não tem relação íntima com o momento em que foi escrito, se não nasce por um conflito qualquer, se é a expressão genérica de um pensamento genérico - um provérbio, por exemplo -, há tão pouco ponto de apoio nele para se saltar para seu mundo que qualquer tentativa é especulação.
É preciso que o texto tenha elementos da identidade dos ouvintes, do escritor, da época, do conflito em questão. É preciso que o texto esteja ainda soterrado nos dias de seu tempo. É preciso que ele ainda seja um pedaço de seu mundo.
Se há sorte e se alguém se depara com um texto assim, então a tarefa da interpretação histórico-social resulta consideravelmente facilitada...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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