_ Jesus...
_ Oi...
_ Posso perguntar uma coisa?
_ Pode...
_ Não vai ofender?
_ Não, não vou.
_ Tá. Olha, o Pai Nosso...
_ Sim, o que que tem?
_ Você disse que a gente deve dizer a Deus que ele nos perdoe como nós perdoamos a quem nos deve...
_ Isso...
_ Entendi.
_ Entendeu.
_ Mas ele não vai perdoar a gente... Então, de que adianta essa oração...?
_ Como assim, meu filho?
_ Ele não vai perdoar a gente. Ele vai matar você e castigar em você o que ele diz que é nossa culpa...
_ Não, não. Ele não fará isso. Eu não condeno vocês, como não condeno a mulher adúltera, lembra?
_ Jesus, não fique bravo, mas você vai morrer para que Deus fique satisfeito, porque ele não pode simplesmente perdoar: tem que matar, tem que exigir sangue...
_ Não. Você não conhece meu pai...
_ Conheço, sim: ele construiu o Templo e está acostumado com bois e cordeiros mortos: você será só mais um... Não me importo - só não entendo como, se Deus não perdoa, devo dizer que me perdoe...
_ Você está me deixando confuso...
_ Imagine a gente, Jesus, imagine a gente...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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