O que eu desejo para os desdobramentos de minha carreira acadêmica?
Simples - deparar-me com uma tese de um orientando meu.
Explico.
Não é fácil encontrar-se diante de uma verdadeira tese - isto é, algo que se está dizendo pela primeira vez, algo que ninguém nunca ouviu, algo inédito, diferente do que se dizia antes, totalmente diferente ou moderadamente diferente, mas, até ontem, alguém dizia A e, agora, vai seu orientando dizer B - ou, pelo menos, Aaa.
Teses, para mim,m o são, quando inovam, quando dizem algo novo. Se não há nada novo, a tese é uma excelente dissertação de mestrado.
Acho que é difícil pôr-se diante de uma tese, porque, uma vez que você ouve a coisa pela primeira vez, não tem padrões para analisar. Não há um autor de peso para você subir na cabeça dele e fazer de conta que é você que analisa o trabalho: ah, Weber concorda, então, está ótimo...
Na verdade, diante de uma tese, seus autores só servirão para tentar desmontá-la. Ei, mas Weber disse isso e isso... Ah, tá... Ah, mas Gertz disse assim assim... Ah, é... Ou seja: seus "gigantes" só poderão ser usados para derrubar a declaração nova e corajosa que você tem diante de si, vinda desse ilustre desconhecido que é seu orientando...
Como pode esse sujeito, que nunca publicou um livro na vida, poder dizer algo ara além dos monstros, cujas obras derrubaram 100 árvores para ser escritas?
Bem, diante de uma tese, você está na frente de alguém - quem a escreveu - que pôs-se para além dos discursos, que foi lá fora, na fria noite do real, e sujou a mão de terra. Só há, meu caro, um jeito de você avaliar esse trabalho - ir lá fora, sujar a mão de terra e sentir o frio gelado do real na sua cara...
Sim, meu sonho, meu desejo profundo é esse: bater-me à mão um orientando, uma orientanda, receber os primeiros pedaços de seu trabalho e, ao bater os olhos, arder com a febre dos que se sujam na terra da pesquisa...
Estou esperando...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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