sexta-feira, 23 de agosto de 2013

(2013/943) Elitismo na ironia aplicada


Traduz-se em elitismo ironizar a prática e a crença do povo religioso. 

É verdade que as crenças religiosas populares estão carregadas de obscurantismo, ignorância, superstição, mitologias, contradições etc.

Todavia, eu considero ainda mais constrangedor o fato de a alta Teologia orbitar em torno dessas mesmas características, mas tratar-se a si mesma como altíssima Filosofia e intelectualidade espiritual...

Não vejo porque afirmar que Deus seja o Ser e tudo o mais seja o ente algo necessariamente diferente em relação à crença em mau olhado.

O corporativismo teológico-filosófico, que mantém a sua narrativa racionalizada com o status de "saber" é o mantenedor dessa situação: dos povos simples e broncos, carregados de anedotas na forma de fé, podemos nos rir, condescendentemente, mas, diante das sumidades teológicas europeias e do Norte cérebro-anímico do mundo, aí, não, aí é reverenciar a altíssima sabedoria...

Mito. Mito desenhado em papel e alma.

Por isso acho que o projeto germânico-liberal de tratar a Teologia Sistemática apenas como História dos Dogmas seja a única saída possível.

Tratar os dogmas, todos, como alguma coisa a nos informar sobre os fundamentos da vida, como se fazem como os mitos, é tão risível quanto as crendices dos povos simples.







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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