Quanto à crença, à fé, à teologia - para ser bem exato, quanto ao quadro mitológico dentro do qual o religioso e a religiosa vivem - apenas uma coisa precisa ser dita: trata-se da maior ou menor criatividade, da maior ou da menor coerência interna do sistema, a menor quantidade possível de contradições. Só se pode pensar um sistema teológico de duas maneiras: a) sua coerência interna e b) sua comparação relativamente aos outros sistemas. Qualquer tentativa de pensar o que está do outro lado dele (isto é, aquilo sobre o que ele fala como sendo outro mundo) só se pode fazer desde dentro dele, pela fé, pela crença: e a fé é a adesão voluntária, psicológica e acrítica ao fato inamovível de que todo o conteúdo do sistema foi inventado num dia e num lugar específicos, fruto da criatividade de grupos sociais situados. Mas isso, é a sua maldição, a fé não pode reconhecer - se reconhece, game over... Crer é mentir para si o tempo inteiro...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2 comentários:
Mas não podemos pensar a fé como esperança? Uma espécie de pulsão que inclina o ser humano a acreditar que há um "algo mais" um "além deste mundo". É claro que tal fé não poderá ser utilizada como fundamento para sistemas morais ou teológicos. Ou para dizer que este ou aquele deus (ou deuses) é o verdadeiro.
Muito bom!
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