terça-feira, 23 de abril de 2013

(2013/477) Monoteísmo ético-profético e Teologia da Prosperidade neoliberal - dois casos suspeitos de defesa das "fontes sagradas"


1. Desde pelo menos Julius Wellhausen, acredita-se que tenha havido uma involução na cultura do Antigo Testamento - na época dos profetas, grandeza ética e moral, mas, na época judaico-sacerdotal, degradação e deterioração de todo tipo.

2. Pouco tempo depois, Weber colocaria a tampa do caixão: profetas são homens bons, sacerdotes, homens maus: profetas trabalham para a liberdade, sacerdotes, para o sistema...

3. Que problema isso não traz para a pesquisa do monoteísmo!

4. Se o fazemos derivar dos profetas, ele é produto de homens bons, então ele é bom. Se o fazemos derivar de sacerdotes, ele é produto de homens maus, então, ele é mau. E a coisa emperra. Praticamente tudo que dizíamos sobre a cultura veterotestamentárias foi alterado nos últimos duzentos anos - mas essa derivação profética do monoteísmo ainda encontra defensores.

5. Será mesmo ético-profética essa coisa? Será mesmo ético-profética uma prática que é irresponsável pela intolerância programática e tão acirrada que, para lutar contra ela, só com muita iconoclastia?

6. Outro caso. A Bíblia é boa, mas a cultura humana é ruim. Na cultura humana, capitalismo e neoliberalismo são os testículos do diabo: dali nasce tudo o que é ruim.

7. Então, a teologia da retribuição e a teologia da prosperidade, que grassam no mundo evangélico quase que indistintamente, só podem ser filhos do neoliberalismo e do capitalismo, porque estes são as entranhas de Satanás. Não pode ser bíblicos! A Bíblia é boazinha...

8. Sei...

9. Até que ponto não estamos diante de dois casos muito reveladores de recalque da realidade: princípio de prazer - a despeito de todas as evidências, proteger as "fontes sagradas"...?






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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