sábado, 13 de abril de 2013

(2013/430) Aquela janela da Avenida São Paulo...


1. Comecei a namorar Bel no final de 1984. Dei mole e tive de reconquistá-la no início de 1985 - o que me custaram dezenas - literalmente! - de cartas: fez-se de difícil... Mas tudo bem: gastei as canetas e lacei a fera outra vez...

2. Namoramos até 1987 e casamos. Eu morava a uns quatro quilômetros da casa dela. Quando eu saía, à noite, da casa onde ela morava, ia à pé para casa e tinha que passar pela Avenida São Paulo. Próximo da Praça Brasil, onde, na prática, começa a Avenida, havia um sobrado. No sobrado, na parte de cima, um quarto. No quarto, uma janela, uma cortina, uma penumbra...

3. Não havia vez que, passando lai, não parava e olhava para aquela janela, imaginando-me casado com Bel...

4. Essas experiências, a gente sabem, são constituídas por um diluído de hormônios, carinho, maturidade e esperança. O risco é essas coisas desaparecerem, a vida cair em rotinas e a gente perder o brilho dos olhos...

5. Assim, de vez em quando eu volto àquela rua, posto-me de frente àquele quarto, encaro com sentimentos aquela janela, e sorrio...

6. A imaginação, a memória e a saudade são bons unguentos para a alma, o corpo e a renovação diária de nossos votos de amor...

7. ... até que a morte nos separe...





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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