quinta-feira, 11 de abril de 2013

(2013/415) Preconceito - quando a graça não é remédio, é veneno

O preconceito funciona como um trampolim para a auto-estima baixa, um viagra de gente com a auto-estima no chão.

Explico.

Uma vez que o sujeito tem de si uma auto-estima pervertida e uma insegurança emocional grave, ele precisa ancorar-se em alguma coisa para parecer melhor do que é, para sentir-se bem. Alguns, precisam de elogios. Outros, de outro arrimo...

No caso do preconceito, o preconceituoso transforma o outro em uma coisa intolerável, uma abominação para, diante dessa pessoa transformada em abominação ele mesmo apareça aos seus olhos como alguma coisa melhor.

O preconceituoso faz-se melhor aos próprios olhos quando faz o outro pior do que ele. Por isso, o preconceituoso tem dificuldade de suspender seu preconceito, porque isso significará o nivelamento para baixo, de novo, de sua auto-apreciação...

Um pecado grave, uma doença séria e a instrumentalização do outro para a melhoria da própria percepção de si.

Ninguém - atenção, ninguém, absolutamente ninguém, sem exceção alguma, nem de homem, nem de mulher, nem de pastor, nem de o raio que o parta... Ninguém, pois, que tenha experimentado a graça, que se reconheça em estado de agraciamento, é preconceituoso. Quando mais a graça o atinge, mais ele se abre para o acolhimento.

Não é preciso interpretar minha fala em sentido teológico clássico - porque não me exprimi nesse diapasão: trata-se apenas de reconhecer-se falho, defeituoso, ignorante... Só quem, para fugir à deficiência de uma auto-estima natural, quem precisa forçar-se diante do espelho numa imagem falsa da própria virtude para, então, aceitar-se, só esse assumirá o preconceito - a graça que ele diz experimentar é falsa. 

Por quê? Porque assumir de fundo a graça e a própria condição de falência é assumir sua baixíssima auto-estima e matar-se de horror próprio. Assim, o que seria a sua cura converte-se em seu veneno - e, para sobreviver, ele não toma o remédio que lhe curaria o preconceito - a graça e a auto-compreensão de alguém imperfeito...

Dedo na cara do outro é a salvação desse danado...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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